A piscicultura do distrito federal celebra um marco histórico: a maior produção de pescado em um único ano. Em 2024, os produtores brasilienses alcançaram a impressionante marca de 2.163.472 kg de peixes, um salto de mais de 6% em comparação a 2023, superando o recorde anterior. Esse feito é resultado da combinação de políticas públicas de apoio e um aumento significativo no número de produtores, que passou de 919 para 970 em apenas um ano.
A região do Gama lidera a produção no DF, com 546.015 kg. Contudo, Ceilândia merece destaque, registrando sua melhor marca histórica com 521.055 kg, um impressionante aumento de 57,88% em relação aos 330 mil kg produzidos em 2023. O Paranoá contribuiu com 353.301 kg, seguido pelo núcleo rural Alexandre Gusmão, com 201.997 kg.
Ceilândia também se destaca pelo crescimento no número de piscicultores, passando de 160 em 2023 para 187 este ano, tornando-se a região com o maior número de produtores de peixes no DF. O Gama viu seus produtores saltarem de 148 para 185, enquanto planaltina agora conta com 100 piscicultores.
Da paixão ao sustento: histórias de sucesso na piscicultura local
Atrás dos números, há histórias de dedicação e visão. Ademir Gomes, 58 anos, proprietário da chácara Shallom no sol nascente, é um nome de referência na piscicultura do DF. Com oito tanques e uma média de 20 mil peixes, ele produz cerca de 20 toneladas de tilápia por ano. Ademir, que se dedica à atividade desde 2014, escolheu a piscicultura pela sua rentabilidade e menor demanda de mão de obra em comparação a outras culturas. “A gente tem que estar na ativa e sempre atento, mas é um estoque que, se não tirou, pode ficar para depois. A hortaliça não, quando chega o ponto de colher a produção, tem que ser vendida de qualquer forma”, explica.
Para pequenos produtores, a criação de tilápias representa uma fonte de renda adicional crucial. É o caso de Joel Félix, 72 anos, que, além de agricultor e apicultor, cria peixes em planaltina. Os alevinos representam cerca de 30% da renda familiar de Joel. “eu resolvi mexer com peixe porque você não tem que correr tanto no dia a dia. Mão de obra hoje é uma coisa muito difícil, especialmente pela minha idade. É uma renda a mais”, conta.
Joel ressalta o apoio fundamental da Emater-DF. Após ser orientado sobre qual alevino se encaixaria melhor em seus tanques lonados, ele mudou sua estratégia e viu os resultados. “a Emater é nossa base. Se precisamos de algo, ligamos para os técnicos e imediatamente eles estão no local nos dando assistência e orientações”, afirma.
Políticas públicas e crescimento sustentável: o futuro da aquicultura brasiliense
O técnico da Emater-DF, Adalmyr borges, confirma o crescimento robusto da aquicultura, com um avanço anual de 5% a 6%. “atualmente temos em torno de 2 mil toneladas de peixe sendo produzidas por ano no distrito federal, a principal espécie sendo a tilápia, que é um peixe bem adequado às condições na região, com facilidade de ter a forma do filé, sem espinhas e isso atrai muito o consumidor e caiu no gosto da população”, observa.
O Governo do Distrito Federal (GDF) tem impulsionado a piscicultura local por meio de diversas políticas públicas, incluindo a concessão de linhas de crédito e o acompanhamento técnico da Emater-DF, que abrange desde a cadeia produtiva até o escoamento da produção.
Projetos como o Proágua, que oferece acompanhamento contínuo aos produtores, e o Aqua+, focado no uso eficiente da água, são essenciais. Adalmyr Borges também destaca a implantação de Unidades de Referência no DF (atualmente cinco), que servem como modelos de demonstração de tecnologias e oferecem cursos de capacitação para outros produtores. A aquicultura brasiliense também será impulsionada por um novo projeto do GDF, que visa o aproveitamento de reservatórios de irrigação para criação de peixes em tanques lonados, especialmente na região de planaltina.
“A gente espera ter um aumento ainda maior da produção nesse ano. Brasília é um grande mercado consumidor, com um consumo per capita dos mais altos do Brasil e, ao mesmo tempo, temos a atuação do Governo do Distrito Federal por meio da Emater, com os programas de estímulo à aquicultura. Trabalhamos orientando os produtores sobre a melhor forma de regularizar a atividade, como controlar a qualidade da água para ter uma produção eficiente de peixes, como utilizar a alimentação… Ou seja, gastar menos dinheiro produzindo a mesma quantidade de peixe e reduzindo os custos de produção”, detalha Borges, indicando um futuro promissor para a piscicultura local.