A proposta do Governo do Distrito Federal (GDF) de privatizar a Rodoviária do Plano Piloto e a Galeria dos Estados, além da intenção de implementar a cobrança de vagas rotativas por decreto, por meio da chamada Zona Verde, foram os principais temas debatidos na reabertura dos trabalhos da Câmara Legislativa do DF, nesta terça-feira (1).
Durante a sessão, parlamentares de diferentes partidos criticaram a falta de diálogo do GDF com o Legislativo e demonstraram preocupação com os impactos sociais das medidas, especialmente para a população de baixa renda e os trabalhadores do comércio local.
Críticas à privatização da Rodoviária
O deputado Chico Vigilante (PT) foi um dos mais enfáticos ao criticar a proposta de entrega da Rodoviária à iniciativa privada. Ele argumenta que o terminal é frequentado majoritariamente por pessoas de baixa renda e que uma eventual concessão pode resultar em preços abusivos.
“Ali na Rodoviária não passa rico nem classe média alta. Se privatizarem e aumentarem os preços, os mais pobres não vão conseguir pagar nem um lanche. A Rodoviária pode continuar pública e ser reformada. Espero que o GDF repense esse projeto nocivo à população”, declarou.
A deputada Paula Belmonte (Cidadania) também demonstrou preocupação com o futuro dos cerca de 150 permissionários que atuam no local. Segundo ela, muitos trabalham ali há décadas e não têm garantias sobre seu futuro.
“A Rodoviária é o coração do DF. Esses trabalhadores se dedicam há anos para oferecer alimentação a preços acessíveis. Eles não podem ficar na insegurança jurídica. É necessário um debate mais transparente”, afirmou.
Críticas à Zona Verde e à falta de diálogo
Outro ponto que gerou críticas foi a proposta da Zona Verde, sistema de cobrança por vagas rotativas em áreas do Plano Piloto, que o governo pretende implementar via decreto, sem passar pela Câmara Legislativa.
Fábio Félix (PSOL) condenou o que classificou como tentativa de impor mudanças sem debate amplo com a sociedade.
“O GDF quer publicar um decreto sem tramitação na CLDF. Esta é a casa do povo. Como um projeto com tanto impacto não será debatido aqui? Não vamos aceitar uma canetada do governador”, afirmou o parlamentar.
Paula Belmonte reforçou a crítica, cobrando participação do Legislativo nas decisões que afetam a mobilidade urbana e a economia local.
“Não podemos aceitar que esse decreto não seja discutido nesta Casa”, disse.