A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 registrou 86.025 denúncias de violência contra mulheres de janeiro a 31 de julho de 2025. O número representa a terceira maior demanda entre os 594.118 atendimentos realizados no período. O serviço, coordenado pelo Ministério das Mulheres, também lidera em pedidos de informação.
Para marcar os 19 anos da Lei Maria da Penha, o ministério lançou nesta quinta-feira (7) o Painel de Dados do Ligue 180, uma plataforma pública com informações detalhadas sobre os tipos de violência, perfil das vítimas e agressores, e o contexto das denúncias. A iniciativa integra a campanha Agosto Lilás, que este ano tem o tema “Não deixe chegar ao fim da linha. Ligue 180.”
Violência em números: Perfil das vítimas e agressores
Segundo os dados do painel, a maior parte das vítimas de violência que buscaram o serviço é negra (44,3%) e heterossexual (57,7%). A principal forma de violência registrada é a física (41,4%), seguida pela psicológica (27,9%) e pela sexual (3,6%).
Em quase metade dos casos (47,58%), o agressor era parceiro ou ex-parceiro da vítima. A residência da mulher é o principal local onde as agressões ocorrem, com 40,7% das denúncias. Outro dado alarmante é que muitas mulheres convivem com a violência por longos períodos antes de pedir ajuda: 21,9% das denúncias se referem a violências que já duravam há mais de um ano.
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou a importância de usar estatísticas para combater a violência. “A gente precisa entender melhor, estudar melhor, analisar e ter estratégias efetivas para mudar esse comportamento”, afirmou.
Ampliação de políticas e atendimento multicanal
O Ligue 180 disponibiliza canais como e-mail, WhatsApp (61 9610-0180) e videochamada em Libras, garantindo acessibilidade e sigilo. O serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana, e é gratuito. O Ministério das Mulheres também disponibilizou um Painel da Rede de Atendimento à Mulher, com um mapa de serviços públicos como Delegacias Especializadas (Deams) e abrigos.
A ministra Márcia Lopes reforçou o apelo para que estados e municípios assinem o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios e criem órgãos públicos voltados para as políticas de proteção às mulheres. Atualmente, apenas 14 estados têm acordos de cooperação técnica com a União.