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domingo, 14 dezembro 2025, 16:27:12
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Projeto da UnB fortalece saúde emocional nas escolas

Publicado em:

Repórter: Jeferson Nunes

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O aumento de ansiedade, depressão, irritabilidade, uso abusivo de telas e ideação suicida entre adolescentes tem mobilizado escolas e famílias em todo o país. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) indicam que o suicídio está entre as principais causas de morte de jovens de 15 a 29 anos, o que reforça a urgência de ações preventivas iniciadas no ambiente escolar.

É nesse contexto que a Universidade de Brasília (UnB) desenvolve o projeto Educação existencial e sentido para a vida, coordenado pela professora Kátia Vanessa Pinto de Meneses, do curso de Terapia Ocupacional. A iniciativa, apoiada pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), por meio do edital Demanda Espontânea (2022), vem sendo aplicada em escolas públicas do Distrito Federal.

A proposta parte de um princípio direto: adolescentes que conseguem reconhecer valores pessoais, elaborar experiências difíceis e construir projetos de vida com significado tornam-se menos vulneráveis ao sofrimento emocional e a comportamentos de risco. Segundo a pesquisadora, trata-se de enfrentar um sofrimento muitas vezes silencioso, antes que ele se traduza em violência, evasão escolar ou adoecimento psíquico.

Base existencial adaptada à escola

A metodologia é inspirada na Logoterapia, abordagem criada pelo psiquiatra austríaco Viktor Frankl, e trabalha conceitos como liberdade, responsabilidade, sofrimento e propósito. Esses elementos, tradicionalmente discutidos no campo clínico ou filosófico, foram traduzidos para o cotidiano escolar por meio de diálogos socráticos, narrativas, metáforas, fábulas e dilemas morais.

Para chegar ao ensino fundamental, o projeto precisou passar por ajustes relevantes. O modelo original foi elaborado por Thiago Aquino, autor do livro Sentido da Vida e Valores no Contexto da Educação, voltado inicialmente a estudantes mais velhos, com maior capacidade de abstração. A equipe da UnB preservou o rigor teórico, mas adaptou a linguagem, o tempo das atividades e o formato das intervenções às características cognitivas e emocionais da adolescência inicial.

Pesquisa combina números e experiências

Para avaliar os efeitos da intervenção, o estudo adotou um delineamento quanti-qualitativo, com sorteio de turmas entre grupo experimental e grupo controle, além de pré e pós-testes. Essa combinação permitiu observar mudanças mensuráveis e, ao mesmo tempo, compreender transformações subjetivas no cotidiano dos estudantes.

No eixo quantitativo, foram utilizados instrumentos padronizados para medir sentido da vida, afetos positivos e negativos e percepção de valores. Entre eles, destaca-se o Questionário de Sentido da Vida, validado internacionalmente, que avalia dimensões como presença de propósito, clareza de metas, coerência existencial e engajamento na busca de significado.

Já o componente qualitativo analisou narrativas, desenhos, produções escritas e falas espontâneas, revelando mudanças na forma como os adolescentes nomeiam sentimentos, reconhecem valores e projetam o futuro. Segundo Kátia Meneses, os dados se complementam: os números indicam a mudança, enquanto os relatos mostram o percurso emocional e simbólico que levou até ela.

Resultados refletem no clima escolar

Os achados apontam efeitos que vão além do indivíduo. O fortalecimento do sentido de vida contribui para redução de comportamentos impulsivos e agressivos, melhora da convivência e diminuição de conflitos no ambiente escolar. Também houve aumento do engajamento acadêmico, com mais persistência, foco e organização nas atividades.

Para o presidente da FAPDF, Leonardo Reisman, os resultados evidenciam o papel da ciência aplicada na formulação de políticas públicas. Segundo ele, quando a escola oferece instrumentos para que o estudante compreenda quem é e o que valoriza, fortalece não apenas a saúde emocional, mas também a aprendizagem e a convivência.

Estrutura para expansão e políticas públicas

Além da intervenção direta, o financiamento da FAPDF viabilizou a produção de vídeos, cartilhas, guias pedagógicos e manuais de formação docente, com apoio de designers, editores e consultores educacionais. Esse material cria condições para que a metodologia seja integrada a programas de formação continuada, ao Plano Distrital de Prevenção do Suicídio e a fluxos intersetoriais entre educação e saúde.

Com os resultados da fase piloto, o projeto prevê expansão para outras escolas e níveis de ensino, incluindo versões simplificadas para estudantes mais jovens e materiais aprofundados para o ensino médio. A formação de multiplicadores é vista como peça central para garantir autonomia às escolas e continuidade da proposta.

Os dados também abrem novas frentes de pesquisa, como o desenvolvimento de intervenções digitais, estudos longitudinais e análises específicas em grupos de maior vulnerabilidade. Ao integrar terapia ocupacional, psicologia, pedagogia, neurociências e tecnologia educacional, o projeto aponta caminhos para uma política educacional mais humana, preventiva e sustentada por evidências.

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