A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) lançou um videogame educativo voltado a estudantes do Ensino Fundamental 1, com foco na introdução à cultura dos povos indígenas. Desenvolvido pelo laboratório Leetra, o jogo Eli e a Queda do Céu em Território Yanomami aposta em linguagem lúdica para tratar de temas ambientais, culturais e históricos.
O game é um plataforma 2D e tem como protagonista Eli, um menino que enfrenta seres malignos para proteger a Floresta Amazônica. A narrativa se inspira no livro A Queda do Céu: Palavras de um Xamã Yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, mas apresenta personagens e elementos originais, criados especialmente para o público infantil.
Projeto atende demanda de professores
O jogo integra um projeto coordenado pela professora Maria Silvia Cintra Martins, do Departamento de Letras da UFSCar, que busca suprir uma demanda antiga de professores por materiais didáticos sobre história indígena. Antes desse lançamento, o grupo já havia desenvolvido os jogos Jeriguigui e O Jaguar na Terra dos Bororos e Kawã.
Desde 2008, a legislação brasileira tornou obrigatório o ensino da história e cultura indígena nas redes pública e privada do ensino fundamental e médio. No entanto, segundo a coordenadora, ainda faltam ferramentas adequadas para aplicação prática em sala de aula.
“Como formadora de docentes da educação infantil, conheço bem essa carência. Muitos professores querem cumprir a lei, mas não têm material de apoio suficiente”, explica Maria Silvia.
Pesquisa e representação cultural
Para a construção do jogo, a equipe realizou pesquisa bibliográfica extensa sobre o povo yanomami, abordando aspectos geográficos, históricos, políticos e culturais. Os personagens foram criados a partir de referências simbólicas dessa cultura.
O protagonista Eli, que não existe na obra original, apresenta traços xamânicos e acessórios típicos. Já a personagem Lia, uma menina xamã criada especialmente para o jogo, surge nos momentos finais da história para ajudar no confronto decisivo.
Segundo a coordenadora, a inclusão de Lia foi uma escolha consciente. “Percebemos que faltava a presença feminina. Existem mulheres xamãs, e era importante representar essa força”, afirma.
Visual leve para o público infantil
Por se tratar de um jogo voltado a crianças, o design dos cenários e personagens foi desenvolvido com cores vibrantes e traços suaves. O ilustrador Hugo Cestari explica que muitas narrativas indígenas têm elementos densos ou sombrios, o que exigiu adaptação visual.
“Mesmo os vilões têm aparência amigável. Tudo foi pensado para manter o caráter educativo, sem perder o aspecto de brincadeira”, diz.
O jogo Eli e a Queda do Céu em Território Yanomami está disponível para download gratuito, ampliando o acesso de escolas, professores e famílias ao conteúdo.

