A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) foi palco de um acalorado debate nesta terça-feira (12) após a repercussão de um discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que se referiu a Brasília como uma “capital violenta”. Em resposta, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) apresentou a moção 1.457/2025, que busca declarar Trump como persona non grata no DF.
Em seu discurso, Vigilante criticou a interferência externa nas questões brasileiras. “Eu sou brasileiro, não me rendo, e não aceito interferência externa no nosso país. Esse elemento chamado Donald Trump não tem o direito de se meter nas nossas questões internas. Portanto, ele que cuide lá dos Estados Unidos e do Brasil cuidamos nós que somos brasileiros”, argumentou.
Governador Ibaneis é criticado por carta a Trump
A situação se intensificou quando o governador Ibaneis Rocha enviou uma carta a Trump detalhando o cenário da segurança pública do DF. A atitude foi duramente criticada pelo deputado Gabriel Magno (PT). “O presidente Donald Trump, com dados falsos, atacou de maneira gratuita o Distrito Federal. Hoje, o governador faz uma carta subserviente, submissa, abaixando a cabeça de maneira covarde para os interesses de outro país”, classificou Magno.
Outros parlamentares da oposição, como Max Maciel (Psol), reforçaram a crítica, dizendo que o governador “só faltou pedir desculpas” a Trump e que a prestação de contas do governo deveria ser para a população do DF, não para um presidente estrangeiro.
O deputado Daniel de Castro (PP) defendeu a postura do governador, elogiando-o como “diplomata” e “responsável”.
Segurança pública e política ideológica em pauta
O líder do governo na CLDF, Hermeto (MDB), discordou da caracterização de Brasília como insegura, destacando os avanços na segurança pública. Ele mencionou a contratação de mais de 5 mil policiais e a promoção de mais de 16 mil, creditando a melhoria ao trabalho integrado e ao apoio do governo federal.
Por outro lado, os parlamentares Thiago Manzoni e Roosevelt, ambos do PL, trouxeram a discussão para o campo ideológico, acusando a esquerda de usar o argumento de “soberania” para avançar em um projeto político “esquerdista, socialista, comunista”. “A esquerda que está aqui dizendo que defende o Brasil e os interesses nacionais usou o mesmo discurso na Venezuela”, declarou Manzoni.
A moção de Chico Vigilante e a postura do governo Ibaneis continuarão a ser pontos de debate na CLDF.