O Centro de Ensino Fundamental 10 do Gama se transformou em um set de filmagem com o projeto Cine 10. Há nove anos, a iniciativa permite que estudantes do 9º ano produzam seus próprios curtas-metragens, assumindo os papéis de roteiristas, diretores, atores e editores. O trabalho culmina em uma “noite de gala” no estilo Oscar, onde as melhores produções são premiadas.
Com apoio da Secretaria de Educação (SEEDF), o projeto já inspirou ex-alunos a seguirem carreira no audiovisual. Os estudantes passam dois bimestres estudando a história e a técnica do cinema antes de colocar a mão na massa, com a orientação dos professores Wellington Araújo (geografia) e Allan Domingos (história).
Criatividade e cidadania em foco
Os professores destacam que o projeto busca a autonomia dos alunos e os estimula a sair da zona de conforto. As gravações envolvem a comunidade, utilizando locais como padarias e lojas, e até mesmo pais se tornam atores. “Tem aluno que é calado durante a aula e, quando chega a hora de atuar, a gente nem reconhece”, observa o professor Wellington Araújo.
As narrativas dos curtas-metragens, que variam entre comédia, terror e suspense, frequentemente abordam temas sociais relevantes, como racismo, homofobia e violência de gênero. O professor Allan Domingos reforça que o projeto contribui para a construção da cidadania e quebra o estereótipo de que a escola é um ambiente rígido. “A criatividade precisa fazer parte da vida desses meninos, quando eles criam, afloram algo que nem eles sabiam que tinham”, afirma.
Impacto na vida dos alunos
O estudante João Vitor Rodrigues, 15 anos, responsável pelo curta “Caminhos Cruzados”, descobriu suas habilidades com gravação e edição, área que pretende seguir profissionalmente. Seu filme discute a falta de incentivo ao esporte e o risco do tráfico, com o objetivo de alertar outros jovens. “A gente quer retratar com o nosso filme que, mesmo com tanta coisa ruim no mundo, a gente pode sim seguir firme com o que acreditamos ser certo”, explica.
Para a estudante Camilly Brito, 14, o projeto ajudou a desenvolver a criatividade e a autoconfiança. Embora pense em seguir na área de Direito, ela planeja manter o audiovisual como hobby. “É importante sair da zona de conforto e ter coisas que você se alegre em fazer. Os professores foram muito pacientes, sempre que a gente tinha alguma dúvida, eles ajudavam a gente nos ângulos, na edição, em tudo”, conta.