Polícia do Rio volta à Zona Oeste contra o Comando Vermelho. Drogas foram encontradas em escola municipal. Aulas suspensas em 15 unidades da região
As polícias do Rio de Janeiro realizaram nesta quarta-feira (19) mais uma operação contra o Comando Vermelho na Vila Kennedy, bairro da Zona Oeste. Até as 10h30, 16 pessoas foram presas e outras duas foram mortas em confronto com os agentes, segundo o governo do estado.
Durante a incursão, foram apreendidos dois fuzis, uma pistola e grande quantidade de entorpecentes. Policiais também vistoriaram uma escola municipal e encontraram uma sacola com drogas e outros materiais que, supostamente, pertenceriam à facção.
Drogas dentro de escola municipal
De acordo com a Secretaria Municipal de Educação, o material estava em uma área desativada dentro do terreno da unidade escolar, que foi fechada por causa da operação policial.
A presença de entorpecentes em ambiente escolar — mesmo em área desativada — expõe a vulnerabilidade das instituições públicas em territórios dominados pelo tráfico e levanta questões sobre segurança e proteção dos estudantes.
Aulas suspensas e saúde paralisada
A operação afetou diretamente o funcionamento de 15 unidades escolares da região, que tiveram as aulas suspensas. Além disso, duas unidades de saúde também interromperam as atividades por causa da ação policial.
É o retrato cotidiano das comunidades cariocas: quando a polícia entra, a vida para. Crianças sem aula. Doentes sem atendimento. A rotina sequestrada pela guerra.
Terceira ação em menos de um mês
A operação desta quarta é uma continuidade da Operação Contenção, realizada no dia 28 de outubro, que se tornou a mais letal da história do Rio, com 121 mortos. Na terça-feira (18), outra ação subsequente já havia sido realizada.
O governo do estado não divulgou o balanço completo de prisões e apreensões das três operações. Tampouco há informações oficiais sobre o número de civis mortos ou feridos durante as incursões.
A estratégia de operações sucessivas — com intervalo de poucos dias — levanta o questionamento: até onde vai a contenção e onde começa a escalada?
A conta que não fecha
Três operações em menos de um mês. Dezenas de mortos. Escolas fechadas. Postos de saúde paralisados. Famílias inteiras trancadas em casa.
E o Comando Vermelho continua operando na Vila Kennedy.
A pergunta que não quer calar: essa conta fecha para quem? Para o morador que perdeu o dia de trabalho? Para a mãe que não conseguiu levar o filho ao médico? Para a criança que não teve aula?
Ou só para quem está longe o suficiente para não sentir o cheiro da pólvora?

