O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (10) que o Brasil tem à disposição uma série de medidas de retaliação comercial contra os Estados Unidos que não devem impactar a inflação interna. Ele reiterou que a Lei de Reciprocidade Econômica permite ações não tarifárias e até elevações de tarifas que não provocariam aumento de preços no país.
“Ninguém está falando nisso [em medidas que gerem inflação], por enquanto. Há muitas medidas não tarifárias que podem ser pensadas”, disse o ministro, destacando que um grupo de trabalho já está analisando um “rol enorme” de opções.
As tarifas de 50% impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros impactam diretamente os consumidores norte-americanos. Haddad, contudo, sugere que o Brasil tem alternativas para responder sem encarecer produtos importados dos EUA para o consumidor final.
Diálogo aberto e “irracionalidade” da medida
Haddad lembrou que a Lei de Reciprocidade Econômica foi aprovada com amplo apoio no Congresso, inclusive de setores da oposição que defendem a soberania nacional. Ele garantiu que os canais diplomáticos entre Brasil e Estados Unidos permanecem abertos para buscar um entendimento e superar o impasse.
O ministro voltou a classificar como “irracional” a decisão do governo Trump de taxar produtos brasileiros em 50%. “É uma tarifa que não se justifica sob nenhum ponto de vista, menos ainda do ponto de vista econômico”, afirmou, citando o superávit comercial de mais de US$ 400 bilhões que os EUA tiveram com o Brasil nos últimos 15 anos.
Haddad também comentou brevemente sobre a audiência de conciliação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), limitando-se a afirmar que “a posição da Fazenda é que o ato [decreto que elevou alíquotas do IOF] é constitucional”.

