O procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou nesta terça-feira (2) que testemunhos, registros e documentos provam que o ex-presidente Jair Bolsonaro liderou uma tentativa de golpe de Estado para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. A declaração foi feita durante sua sustentação oral no Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do ex-presidente e outros sete réus.
Gonet destacou que a denúncia não se baseia em “conjecturas ou suposições frágeis”, e sim em fatos públicos e provas apreendidas, como a minuta do decreto golpista encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres. Ele também citou os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, que confirmaram terem sido apresentados a decretos golpistas em uma reunião com Bolsonaro.
Planos detalhados e “Copa 2022”
O procurador-geral revelou que a Polícia Federal (PF) apreendeu planos detalhados para a execução do golpe, com nomes como “Operação 142” e “Punhal Verde e Amarelo”. Ele destacou, em especial, o plano “Copa 2022”, que teria como objetivo “eliminar” o ministro Alexandre de Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e seu vice, Geraldo Alckmin.
Gonet argumentou que as reuniões e discursos de Bolsonaro, como a fala de 7 de setembro de 2021 em que ele ameaçou ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), faziam parte de uma estratégia de “corrosão progressiva da confiança pública nos procedimentos democráticos”.
Início do julgamento
O julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista começou com a leitura de um resumo do caso pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação. Os oito réus são acusados de crimes como liderar organização criminosa armada e tentar um golpe de Estado. As penas, em caso de condenação, podem ultrapassar os 40 anos de prisão.
O julgamento, que deve durar até 12 de setembro, ocorre na Primeira Turma do STF e está sendo transmitido ao vivo pela TV Justiça e pelo canal do STF no YouTube.

