No Dia das Crianças, o protagonista não é o brinquedo, mas o cuidado. Em 2025, mais de 100 mil atendimentos pediátricos foram realizados nas unidades do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF) — um número que traduz a dimensão de um trabalho que mistura ciência, empatia e afeto.
No Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), o pequeno Luan Emanuel Ramos Veloso, de apenas 4 anos, aprendeu a enfrentar o medo de injeção com coragem.
“Eu sou corajoso e forte. Não tenho medo de injeção”, diz o menino, que ficou duas semanas internado após uma gripe evoluir para sinusite.
A mãe, Francisca da Conceição Ramos Marinho, lembra que o tratamento virou aprendizado: “No início ele chorava um pouco, mas agora já se acostumou. Ele adora a brinquedoteca e os novos amigos”, conta.
Rede que acolhe
Somente o HRSM recebeu quase 30 mil crianças em 2025. Outras unidades também contam com alas pediátricas nas UPAs de Sobradinho, São Sebastião, Ceilândia I e Recanto das Emas, além da UTI Pediátrica do Hospital de Base do DF (HBDF) — a única do IgesDF.
Entre janeiro e setembro, 723 pacientes infantis passaram pela unidade intensiva. Durante o inverno, o hospital abriu uma UTI temporária para doenças respiratórias, atendendo à alta sazonal de casos.
Dos pacientes internados, 64% (477 crianças) sofreram com bronquiolite aguda viral, um dos quadros mais frequentes entre os pequenos durante os meses frios.
O cuidado como vocação
Para o pediatra Tiago Moisés, o trabalho com crianças exige uma escuta ampliada: “Elas nem sempre conseguem explicar o que sentem, então os pais se tornam a voz da criança. Cada informação ajuda a definir o tratamento certo”, explica.
A médica Loren Nobre, que atua há nove anos na pediatria, enxerga o atendimento infantil como um ciclo de vida partilhado:
“Ver um bebê se transformar em uma criança saudável e cheia de personalidade é fazer parte da história de uma família.”
Entre consultas, risadas e desenhos, o ambiente hospitalar se transforma. “O consultório se enche de gargalhadas e histórias inesperadas. Isso torna a rotina leve e prazerosa”, diz Tiago.
Loren complementa: “Um sorriso ou um abraço já fazem meu dia valer a pena. Trabalhar com crianças é receber, todo dia, uma dose de leveza, carinho e aprendizado”.
Análise
Os números impressionam, mas é o vínculo humano que dá sentido às estatísticas. A pediatria pública do DF, em plena expansão, mostra que saúde também é afeto estruturado: envolve técnica, infraestrutura e um olhar cuidadoso sobre quem ainda aprende a nomear o próprio mundo.
O IgesDF, ao reforçar esse atendimento, reafirma um princípio simples e poderoso — a infância saudável é o primeiro degrau de qualquer sociedade justa.
E, em tempos de tanta pressa, o exemplo de Luan ecoa como um lembrete: coragem também se aprende com cuidado.

