A menos de três meses para o início da primeira fase da Reforma Tributária no Brasil, a maioria das empresas de médio e grande porte do país não está preparada para as novas obrigações fiscais. Um levantamento da empresa de tecnologia V360 revelou que 72% das companhias consultadas ainda não adaptaram seus processos internos para as regras que entram em vigor em 1º de janeiro de 2026.
A pesquisa ouviu 355 empresas, predominantemente das regiões Sudeste, nos setores de varejo, indústria, construção civil, agronegócio e tecnologia.
Risco de bloqueio e falta de planejamento
O estudo aponta um alto grau de despreparo: 33,2% das empresas ainda não discutiram internamente os impactos da reforma, e 38,6% apenas iniciaram um levantamento preliminar. Somente 28,1% afirmam ter um plano de adaptação estruturado.
A reforma, que unifica tributos sobre consumo como PIS, Cofins, ICMS e ISS no novo IBS e CBS, passará por uma transição gradual até 2033. Em janeiro de 2026, a primeira obrigação prática é a cobrança de uma alíquota de teste (0,9% para CBS e 0,1% para IBS).
O principal risco apontado é fiscal: as notas fiscais terão cerca de 200 novos campos. Empresas que não fizerem a transição a tempo podem enfrentar bloqueios de faturamento, dificuldades no pagamento de fornecedores e problemas graves de fluxo de caixa, que podem levar à paralisação das operações.
Desafio na recepção de notas fiscais
O relatório observa que a maioria das empresas está focada na emissão das novas notas, mas negligencia o processo de ingresso fiscal — a forma como a empresa recebe, confere e paga os fornecedores. Esse processo será um dos mais impactados e exige adaptação urgente dos sistemas de conciliação, que deve ser totalmente eletrônico.
Outro ponto de atenção é a adoção das duplicatas escriturais (registro eletrônico de operações comerciais). Surpreendentemente, 32,7% das companhias ainda não iniciaram a adaptação a esse processo.
A falta de automação agrava o cenário. Apenas 38,9% das empresas afirmam ter sistemas integrados de gestão fiscal. Mais de 60% não utilizam ferramentas para validação automática de documentos fiscais, aumentando o risco de inconsistências tributárias na transição.

