O Brasil celebra nesta quinta-feira, 4 de dezembro, o Dia do Orientador Educacional, profissão que se consolidou como peça-chave no acompanhamento dos estudantes, no apoio ao planejamento de vida, na mediação de conflitos e na promoção de um ambiente escolar mais acolhedor. Em um cenário de expansão do ensino integral e de maior atenção à saúde mental, esses profissionais ganham relevância cotidiana.
A categoria, formada majoritariamente por mulheres — 78% entre cerca de 81 mil profissionais, segundo dados do Caged — atua ao lado de professores, coordenadores e famílias. Em muitos casos, participa diretamente de disciplinas voltadas ao desenvolvimento socioemocional, como os chamados “Projetos de Vida”.
A psicóloga e pedagoga Ana Claudia Favano, gestora da Escola Internacional de Alphaville, afirma que a orientação educacional mudou junto com a escola. Para ela, o foco deixou de ser apenas disciplinar e passou a incluir aspectos emocionais, sociais e pessoais. “Hoje, as escolas são fundamentais para promover o autoconhecimento, habilidades emocionais e de vida. Não estamos mais no tempo em que a orientação se limitava a questões de disciplina”, afirma.
Ana Claudia vê o orientador como um “promotor de cultura do bem-estar” e destaca que a escuta qualificada pode transformar trajetórias estudantis. “O olhar atento, a escuta afetiva e o cuidado genuíno têm impacto profundo na vida de estudantes que encontram em nós um ponto seguro”, diz.
A orientadora Isis Galindo, da Escola Bilíngue Aubrick, também reforça o papel de mediação desses profissionais. Ela explica que o orientador conecta alunos, professores, famílias e especialistas externos — psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos e fonoaudiólogos — formando uma rede de apoio que sustenta o desenvolvimento de cada criança e adolescente. “Sem essa escuta especializada, a escola perde a chance de compreender com profundidade o que seus alunos vivem, sentem e precisam”, afirma.
Outro eixo de atuação é o enfrentamento das dificuldades de aprendizagem. Foi justamente esse caminho que levou o professor de matemática Carlos Augusto Lima ao trabalho de orientação. Ele buscou formação em psicopedagogia e psicologia da educação para enfrentar os obstáculos que observava em sala de aula. Hoje, afirma que o maior desafio é lidar com a saúde emocional dos alunos e reconhecer sinais que podem passar despercebidos no ritmo acelerado das aulas. “Muitas coisas que o aluno carrega ficam escondidas e não aparecem naquele período curto em sala”, afirma.
A profissão, que existe formalmente no Brasil desde a década de 1960, segue se atualizando em diálogo com diferentes áreas da ciência. E, diante de um contexto educacional em transformação, o orientador educacional se firma como um dos pilares de apoio mais importantes para que os estudantes possam aprender, amadurecer e se reconhecer dentro da escola.

