O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, saiu em defesa do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado recentemente pelo governo federal. Durante um evento voltado à indústria brasileira, nesta segunda-feira (26), Mercadante rebateu críticas do setor empresarial e afirmou que é necessário apresentar alternativas viáveis, não apenas reclamar das medidas adotadas.
Segundo ele, uma possível solução seria elevar a taxação sobre apostas esportivas, as chamadas bets, que, segundo o presidente do BNDES, têm “corroído as finanças populares”.
“O ministro [da Fazenda, Fernando] Haddad tem que entregar o orçamento fiscal. É a responsabilidade dele. Então, tem que dizer qual é a alternativa. Eu já faço uma sugestão pública aqui: vamos aumentar os impostos das bets. Com isso, poderíamos, por exemplo, reduzir o impacto do IOF e criar uma alternativa”, afirmou Mercadante.
Mais cedo, em entrevista à imprensa, o presidente do BNDES explicou que o aumento do IOF, aliado à estabilização do dólar, é uma medida que visa permitir ao Banco Central uma redução “segura, progressiva e sustentável” da taxa Selic, a taxa básica de juros.
Na última quinta-feira (23), o governo anunciou alterações nas alíquotas do IOF, incluindo o aumento do imposto sobre operações de crédito para empresas, que passou de 1,88% para 3,95% ao ano. No entanto, após críticas, o governo voltou atrás em parte das medidas, como o reajuste da alíquota sobre a compra de moeda em espécie no exterior, que passaria de 1,1% para 3,5%.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo deve apresentar até o final desta semana alternativas para compensar os recuos nas mudanças do IOF.
“Temos até o final da semana para decidir como vamos compensar, se é com mais contingenciamento ou com alguma substituição”, declarou Haddad.
Respondendo às críticas sobre o possível impacto do aumento do IOF no custo do crédito, o ministro lembrou que a elevação da taxa de juros também encarece o crédito, mas é compreendida como necessária pelos empresários. Ele ainda comparou com gestões anteriores, destacando que as alíquotas do IOF eram ainda mais altas.
“Queremos resolver isso o quanto antes — tanto a questão fiscal quanto a monetária — para que o país retome níveis adequados de tributação e taxa de juros, e continue crescendo”, concluiu Haddad.