A instalação da Usina Termelétrica Brasília em Samambaia segue gerando polêmica e preocupação ambiental. Nesta semana, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) prestou esclarecimentos à CPI do Rio Melchior, que investiga os possíveis impactos do empreendimento sobre o ecossistema local.
Durante a oitiva, o analista ambiental Breno Bispo da Silva — responsável pelo licenciamento do projeto — apresentou detalhes técnicos do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), ainda em andamento. A usina pretende captar água diretamente do Rio Melchior para o resfriamento de suas caldeiras, operação que já levantou alertas entre autoridades e especialistas.
A deputada Paula Belmonte (Cidadania), presidente da CPI, reforçou a importância do Ibama na análise dos danos potenciais. “O papel do órgão é fundamental para compreendermos tecnicamente os efeitos desse empreendimento na atmosfera, no solo e, sobretudo, no rio Melchior”, destacou.
Decisão judicial suspende autorização
O debate ganhou um novo capítulo após o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) suspender, por liminar, a autorização concedida pela Adasa para a instalação da usina. Na decisão, o juiz Carlos Frederico de Medeiros apontou risco à fauna aquática, já fragilizada, diante do despejo de água em temperatura elevada no leito do rio.
A termelétrica prevê a captação de até 110 mil litros de água por hora (110 m³/h), devolvendo ao rio cerca de 104 m³/h após uso industrial e tratamento. No entanto, conforme explicou Breno Bispo, esse processo poderá aumentar a temperatura da água do Melchior em até 7 graus Celsius, alterando significativamente seu ecossistema.
“A liberação da licença ambiental está condicionada à apresentação de soluções técnicas pela empresa responsável, a Termonorte”, pontuou o analista do Ibama.
Comunidades ribeirinhas em risco
Para a deputada Paula Belmonte, a situação exige máxima cautela, considerando o papel essencial do rio para comunidades próximas. “Estamos falando de populações que dependem diretamente do Melchior, como as comunidades da Cerâmica e do Sol. Não podemos correr o risco de comprometer esse recurso vital.”
A CPI segue acompanhando o caso e deverá convocar novos especialistas e representantes da Termonorte para esclarecer pendências técnicas e garantir que o desenvolvimento energético não venha à custa da degradação ambiental.