O mercado financeiro brasileiro enfrentou um dia de forte turbulência nesta sexta-feira (10), com o dólar comercial disparando 2,38% e a Bolsa de Valores (B3) recuando pelo segundo dia seguido. A alta da moeda americana e a queda nas ações foram impulsionadas por novas tensões comerciais entre Estados Unidos e China, somadas às crescentes preocupações com o quadro fiscal do Brasil.
O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,503, superando a barreira de R$ 5,50 pela primeira vez desde agosto. Com o salto de R$ 0,128, a divisa acumulou valorização de 3,39% em outubro.
A moeda brasileira teve o pior desempenho entre as moedas emergentes, pressionada pela combinação de fatores externos e internos.
Tensão EUA-China e Perdas na B3
O cenário internacional foi dominado pela nova ofensiva comercial de Washington contra Pequim. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de uma nova tarifa de 100% sobre produtos chineses, em retaliação à China por ampliar os controles de exportação de terras raras — insumo estratégico para a indústria de tecnologia. A decisão deve acentuar a pressão nos mercados globais na próxima semana.
No Brasil, o índice Ibovespa da B3 refletiu a incerteza, fechando aos 140.680 pontos, com queda de 0,73%. O indicador perdeu 3,8% no acumulado de outubro.
No exterior, as Bolsas dos EUA fecharam em forte queda (S&P 500 caiu 2,71%; Nasdaq perdeu 3,56%) e os investidores buscaram ativos seguros, como ouro. Os preços do petróleo também recuaram mais de 4%.
Preocupação Fiscal Pressiona o Real
A turbulência externa se somou a temores domésticos relacionados às contas públicas. A recente derrubada da Medida Provisória (MP) que visava aumentar a tributação de investimentos criou um rombo fiscal estimado em R$ 17 bilhões para o orçamento de 2026, ano eleitoral.
O governo federal discutirá na próxima semana alternativas para compensar a perda de arrecadação causada pelo fim da MP.

