Na contramão do mercado global, o real se valorizou nesta sexta-feira (6), puxado pela expectativa em torno do novo pacote fiscal do governo. O dólar comercial recuou pelo segundo dia consecutivo, fechando a R$ 5,57 — menor valor desde outubro de 2024. Já a bolsa de valores seguiu em baixa, encerrando a terceira queda seguida.

A moeda norte-americana teve variação ao longo do dia, chegando à máxima de R$ 5,61 por volta de 12h15, mas cedeu à tarde e atingiu a mínima de R$ 5,56 às 16h30. Com a queda de 0,28% nesta sexta, o dólar acumula baixa de 2,63% em junho e de 9,85% no ano.

Bolsa em baixa: Ibovespa no menor nível em um mês

O movimento positivo no câmbio não se repetiu na bolsa de valores. O Ibovespa, principal índice da B3, caiu 0,1%, fechando aos 136.102 pontos — o menor nível desde 7 de maio. Na semana, o índice acumulou recuo de 0,67%.

Entre os fatores internos que influenciaram o mercado está a expectativa pela divulgação de medidas fiscais que substituam a proposta de aumento do IOF. A possibilidade de alternativas menos onerosas ao setor produtivo animou o câmbio, favorecendo o real.

Juros e tensão política afetam ações

A possível alta de 0,25 ponto percentual na Selic, que pode ser anunciada pelo Banco Central nos dias 17 e 18 de junho, também impactou negativamente o mercado de ações. A expectativa de juros mais altos tende a afastar investidores da bolsa, favorecendo aplicações em renda fixa, consideradas mais seguras.

Influência externa: empregos nos EUA e reunião entre EUA e China

No cenário internacional, a divulgação de dados positivos sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos pressionou o dólar para cima pela manhã. No entanto, o anúncio de que representantes comerciais dos EUA e da China se reunirão na próxima segunda-feira (9), em Londres, trouxe alívio aos mercados e contribuiu para a queda da moeda americana no fim do dia.

O preço da cesta básica caiu em 15 das 17 capitais brasileiras pesquisadas pelo Dieese em maio. As maiores quedas foram registradas no Recife (-2,56%), Belo Horizonte (-2,50%) e Fortaleza (-2,42%). Apenas Florianópolis (0,09%) e Belém (0,02%) tiveram alta.

Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que acompanha mensalmente os custos dos alimentos essenciais.

São Paulo lidera custo da cesta básica

Apesar da queda em boa parte do país, São Paulo continua sendo a capital com a cesta mais cara: R$ 896,15. Na sequência aparecem Florianópolis (R$ 858,93), Rio de Janeiro (R$ 847,99) e Porto Alegre (R$ 819,05). Já os menores valores foram registrados em Aracaju (R$ 579,54), Salvador (R$ 628,97) e Recife (R$ 636,00).

Nas regiões Norte e Nordeste, a composição da cesta é diferente, com alimentos geralmente mais baratos, o que contribui para os menores valores médios nessas localidades.

Comparativo anual mostra alta generalizada

Na comparação entre maio de 2025 e maio de 2024, houve aumento no custo da cesta em 16 capitais, com variações de 0,77% (Natal) a 8,43% (Vitória). Aracaju foi a única cidade sem variação.

Já no acumulado de janeiro a maio deste ano, todas as capitais apresentaram aumento. As maiores altas foram registradas em Belém (9,09%) e Vitória (8,89%); a menor, em Campo Grande (2,48%).

Salário mínimo ideal seria de R$ 7.528,56

Com base no valor da cesta mais cara e nos direitos constitucionais de moradia, alimentação, saúde, educação e lazer para uma família de quatro pessoas, o Dieese calculou que o salário mínimo ideal em maio deveria ser de R$ 7.528,56 — cerca de 4,96 vezes o atual, de R$ 1.518.

Comportamento dos preços por produto

Carne bovina de primeira teve alta em 14 das 17 capitais, com destaque para Curitiba (3,91%) e Florianópolis (2,68%). Houve queda em São Paulo (-0,82%), Fortaleza (-0,65%) e Porto Alegre (-0,04%). Em 12 meses, o preço da carne subiu em todas as capitais, com destaque para Brasília (28,86%).

Café em pó aumentou em 16 capitais, com as maiores altas em Aracaju (10,70%), São Paulo (8,49%) e João Pessoa (7,98%). Goiânia foi a única com queda (-1,71%). Em um ano, o preço do café subiu entre 75,5% (São Paulo) e 127,89% (Vitória).

Arroz agulhinha teve queda nas 17 capitais em maio, com redução entre -12,91% (Vitória) e -1,80% (Belo Horizonte). No acumulado anual, todas as capitais também registraram baixa no preço, variando de -29,17% (Vitória) a -3,57% (São Paulo).

Tomate também ficou mais barato em todas as capitais. As quedas em maio variaram entre -20,85% (Belo Horizonte) e -1,64% (Aracaju). Em 12 meses, apenas Vitória teve alta (11,41%); nas demais capitais, os preços recuaram, com destaque para João Pessoa (-32,22%) e Natal (-27,87%).