O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (10) uma carta aberta detalhando os motivos para o estouro da meta de inflação em junho. O aquecimento da economia, o encarecimento de produtos como o café e a bandeira tarifária de energia foram apontados como os principais fatores que impulsionaram o IPCA no primeiro semestre.
A meta do IPCA, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3%, com teto de 4,5%. Em junho, o índice acumulou 5,35% em 12 meses, superando o limite estabelecido pelo sistema de meta contínua.
Os motores da alta
A carta do BC destacou aumentos “mais intensos que os antecipados” em itens como gasolina, serviços, alimentos industrializados (em especial o café) e bens industriais (vestuário e automóveis).
Houve também surpresas nos preços administrados, principalmente a energia elétrica residencial, influenciada pela escassez de chuvas. Contudo, essa alta foi parcialmente compensada por menores variações nos preços de alimentos consumidos em casa.
Os principais fatores que contribuíram para o desvio de 2,35 pontos percentuais em relação ao centro da meta foram: a inércia da inflação dos 12 meses anteriores, as expectativas de inflação, o hiato do produto (economia operando acima da capacidade), a inflação importada e a bandeira tarifária de energia elétrica.
Cenário futuro e juros altos
O BC projeta que a inflação só deve retornar para um nível abaixo do teto de 4,5% no primeiro trimestre de 2026.
Para controlar a alta dos preços, a Taxa Selic, atualmente em 15% ao ano desde junho – o maior patamar desde 2006 –, continuará sendo o principal instrumento. O Banco Central indicou que a política monetária permanecerá “significativamente contracionista” por um “período bastante prolongado”, a fim de garantir a convergência da inflação à meta.
O Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que seguirá vigilante, e os juros poderão ser ajustados ou mantidos em patamar elevado, caso surjam imprevistos.