O Dia Mundial da Psoríase, celebrado nesta quarta-feira (29), lança luz sobre a importância do diagnóstico, do tratamento e do acolhimento a quem convive com essa condição. Estima-se que cerca de 125 milhões de pessoas em todo o mundo, como Estael Vieira, de 61 anos, sofram com a psoríase, uma doença inflamatória crônica, que é não contagiosa, mas carrega um forte estigma social.
Estael, que recebeu o diagnóstico aos 19 anos, conta que a falta de informação gerou preconceito, inclusive dentro de casa. “As pessoas achavam que era contagioso, e eu evitava usar roupas curtas. Meu marido tinha receio de me tocar. Precisei levá-lo a uma consulta médica para que o doutor explicasse que psoríase não pega.”
O que é a psoríase e seus gatilhos
A psoríase é uma doença autoinflamatória causada por uma disfunção do sistema imunológico que acelera a renovação das células da pele, gerando acúmulo. Isso resulta em lesões avermelhadas e descamativas, que costumam aparecer em cotovelos, joelhos e couro cabeludo.
A dermatologista Danielle Aquino, do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), explica que a carga genética é o principal fator, mas gatilhos ambientais são essenciais:
- Estresse e Tensão Emocional: Muitos pacientes relatam que as lesões surgem após momentos de sobrecarga.
- Fatores Ambientais: Infecções, ferimentos na pele e o uso de certos medicamentos.
A inflamação, em alguns casos, pode atingir articulações e unhas, levando a um quadro de dor conhecido como artrite psoriásica.
O impacto psicológico e o preconceito
Mais do que uma condição dermatológica, a psoríase tem um grande impacto emocional. O psiquiatra Sérgio Cabral, do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), lembra que o estresse e a ansiedade não só agravam a inflamação, como criam um ciclo vicioso com a doença.
“As lesões visíveis provocam queda de autoestima e isolamento social, o que aumenta o estresse e pode agravar a psoríase”, aponta o psiquiatra.
O especialista ressalta que o estigma social é um grande desafio, pois a sociedade associa historicamente doenças de pele à exclusão. A busca por apoio psicológico, aliada ao tratamento médico, é essencial para manter a qualidade de vida e a autoestima dos pacientes no Brasil.
Tratamento disponível no SUS
A dermatologista Danielle Aquino reforça que o tratamento é individualizado, variando conforme a gravidade das lesões, e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).
- Tópicos: Cremes e pomadas à base de corticoides ou vitamina D3.
- Sistêmicos: Medicamentos orais e terapias biológicas injetáveis (para casos mais graves ou resistentes).
- Outras medidas: Hidratação diária da pele, fototerapia e controle do estresse.
“A psoríase não tem cura, mas é possível viver bem com acompanhamento médico e controle do estresse”, conclui a médica. Para Estael Vieira, o segredo está na aceitação e no amor-próprio, o que melhorou inclusive a condição da sua pele.

