O comércio varejista do Brasil registrou um crescimento de 0,2% na passagem de julho para agosto, interrompendo uma sequência de quatro meses consecutivos de retração. Embora o desempenho tenha ficado no terreno positivo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica o movimento como estabilidade, por ser uma variação inferior a 0,5%.
Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (15). Segundo Cristiano Santos, gerente da pesquisa, a principal novidade é que o setor “parou de cair”, mas o resultado não configura uma forte “virada de chave” na economia nacional.
Com a alta, o setor varejista fica 0,7% abaixo do pico histórico de março de 2025 e se mantém 9,4% acima do patamar pré-pandemia. No acumulado de 12 meses, o comércio soma um crescimento de 2,2%, mas a tendência de desaceleração se mantém desde o final de 2024.
Tecnologia e Inflação Puxam Resultados Positivos
Cinco dos oito segmentos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta. O destaque foi o segmento de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, que cresceu 4,9%. Segundo o IBGE, esse salto foi impulsionado pela desvalorização do dólar ante o real, que torna produtos com componentes importados mais acessíveis no mercado brasileiro.
Outros segmentos que tiveram alta foram: Tecidos, vestuário e calçados (+1,0%) influenciado pelo Dia dos Pais e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+0,7%). Os setores de Móveis e eletrodomésticos, e Hiper/supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, subiram 0,4% cada.
Entre os fatores macroeconômicos que ajudaram a reverter a sequência de quedas está a inflação negativa registrada em agosto (–0,11%). Além disso, o volume de empréstimos para pessoas físicas aumentou 1,5% em julho, o que estimulou o consumo mesmo em um cenário de juros altos.
No comércio varejista ampliado, que inclui veículos e material de construção, as vendas cresceram 0,9% de julho para agosto.
O resultado do comércio se soma às divulgações anteriores do IBGE, que apontaram também alta de 0,1% nos serviços e crescimento de 0,8% na indústria em agosto, indicando uma recuperação generalizada, ainda que discreta, na economia do Brasil.

