Mosquitos com bactéria Wolbachia serão liberados em regiões do DF para reduzir casos de dengue e outras arboviroses
O Distrito Federal se prepara para uma nova estratégia no combate à dengue: a liberação de mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, capazes de bloquear a transmissão de dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A ação terá início na segunda quinzena de agosto e será concentrada em regiões com histórico de alta incidência de casos.
Conhecidos como Wolbitos, esses mosquitos não sofrem alterações genéticas e não representam risco à saúde de humanos ou animais. A bactéria Wolbachia, que já está presente naturalmente em mais de 50% dos insetos, impede a multiplicação dos vírus no organismo do Aedes aegypti, reduzindo sua capacidade de transmissão.
Regiões beneficiadas
A primeira fase do projeto contemplará as seguintes localidades:
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Brazlândia
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Sobradinho II
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São Sebastião
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Fercal
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Estrutural
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Varjão
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Arapoanga
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Paranoá
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Planaltina
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Itapoã
Cidades do Entorno do DF, como Valparaíso e Luziânia (GO), também receberão os mosquitos.
Segundo a Fiocruz, que lidera a iniciativa nacionalmente em parceria com o Ministério da Saúde e a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), a técnica já demonstrou bons resultados em 11 países desde sua estreia na Austrália, em 2011.
Produção local e adaptação ao ambiente
Para garantir que os Wolbitos se adaptem ao ambiente do DF, ovos de mosquitos locais foram coletados e cruzados com exemplares contendo Wolbachia. A produção é feita no Núcleo de Controle Químico e Biológico da SES-DF, no Guará.
Outro diferencial do método é sua transmissão hereditária: filhotes de fêmeas com Wolbachia já nascem com a bactéria, o que permite a substituição progressiva da população de mosquitos transmissores por mosquitos inofensivos.
Especialistas destacam importância da ação
Para Maria de Lourdes Masukawa, chefe do Núcleo de Vigilância Epidemiológica da Região de Saúde Norte, a iniciativa é um exemplo de investimento eficaz em saúde pública.
“O poder público acerta quando investe em ações de combate à dengue. O impacto da doença é grande, tanto social quanto economicamente”, afirma.
O diretor de Atenção Primária da mesma região, Alcir Galdino, também reforça a importância da conscientização dos profissionais:
“Vai fazer diferença na vida da população. E é essencial que os servidores estejam bem informados, pois as famílias confiam neles para esclarecer dúvidas.”
A expectativa é que, com a chegada do período chuvoso, os mosquitos com Wolbachia comecem a suprimir a população de Aedes aegypti transmissora, contribuindo para a redução significativa dos casos de arboviroses na capital federal.