Um bar no bairro Catiapoã, em São Vicente, na Baixada Santista, foi fechado após a morte de Wevelyn Pestana de Brito, de 32 anos, na madrugada de domingo (26). Segundo a família, ela teria passado mal após consumir três doses de whisky no Bar 75. O caso está sendo investigado como possível intoxicação por metanol — substância tóxica que já causou 15 mortes no país.
Ao chegar em casa, o quadro de Wevelyn se agravou rapidamente: dor abdominal intensa, vômitos e irritação. O Samu foi acionado e realizou os primeiros socorros, mas ela chegou ao hospital sem sinais vitais.
Estabelecimento funcionava sem alvará
Ainda na tarde de domingo, a Prefeitura de São Vicente formou uma força-tarefa com representantes das secretarias de Defesa e Organização Social (Sedos), Saúde (Sesau), Vigilância Sanitária, Procon-SV e Secretaria de Comércio, com apoio da Guarda Civil Municipal, Polícia Civil e Polícia Militar.
“Após a fiscalização do estabelecimento, foi constatado que o mesmo não possuía o alvará de funcionamento. Por esta razão, o local foi imediatamente fechado. Com o apoio da Polícia Civil foram recolhidas garrafas lacradas e outras abertas de bebidas que serão encaminhadas para análises laboratoriais”, informou a prefeitura.
A administração municipal esclareceu que ainda não há confirmação da causa da morte ou de que a bebida estaria adulterada. “A causa da morte está sendo analisada pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO). Somente após a conclusão dos exames será possível determinar o que causou o falecimento da vítima”, diz a nota oficial.
Segundo a prefeitura, a fiscalização em bares e adegas da cidade já vem sendo realizada periodicamente desde os primeiros casos de intoxicação por metanol no estado.
Balanço nacional
No estado de São Paulo, a Secretaria de Saúde informou que 443 suspeitas de intoxicação por metanol foram descartadas. Ao todo, foram confirmados 44 casos, com nove mortes: quatro homens de 26, 45, 48 e 54 anos residentes da cidade de São Paulo; uma mulher de 30 anos, de São Bernardo do Campo; dois homens de 23 e 25 anos e uma mulher de 27 anos de Osasco; e um homem de 37 anos, de Jundiaí.
Dez casos permanecem sob investigação, incluindo dois óbitos: um em Piracicaba, de um paciente de 49 anos, e o de Wevelyn, em São Vicente.
Segundo balanço atualizado pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (27), o total de mortes no país chega a 15, com outras seis no Paraná e seis em Pernambuco. Além das mortes em São Paulo, são investigados mais oito casos: quatro em Pernambuco, dois no Paraná, um em Minas Gerais e um em Mato Grosso do Sul.
Foram descartadas 32 notificações de óbitos que estavam sob investigação. O balanço mostra também que o número de notificações de intoxicação por metanol após o consumo de bebidas alcoólicas chega a 58 casos confirmados e 50 em investigação. Já foram descartadas 635 notificações.
Emergência médica grave
A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos — como formaldeído e ácido fórmico — que podem levar à morte.
Os principais sintomas são:
- Visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira)
- Mal-estar generalizado
- Náuseas e vômitos
- Dores abdominais
- Sudorese intensa
O que fazer em caso de suspeita
Em caso de identificação dos sintomas, busque imediatamente os serviços de emergência médica e contate pelo menos uma das instituições a seguir:
- Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001
- CIATox da sua cidade para orientação especializada
- Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733 (de qualquer lugar do país)
É fundamental identificar e orientar possíveis contatos que tenham consumido a mesma bebida, recomendando que procurem imediatamente um serviço de saúde para avaliação e tratamento adequado. A demora no atendimento aumenta a probabilidade de óbito.

