Uma nova pesquisa revela que, embora a vasta maioria dos brasileiros queiram políticos comprometidos com a sustentabilidade ambiental e a justiça social, a importância dessa agenda é fortemente polarizada pelo espectro político. O levantamento “Cultura e Clima – Percepções e Práticas no Brasil” será lançado nesta quinta-feira (13), durante a COP30, em Belém.
O estudo, realizado pela C de Cultura e Outra Onda Conteúdo em parceria com a PUC/RS, mostra que o desejo por esse compromisso político atinge quase 90% do total de ouvidos. No entanto, a adesão a essas pautas varia drasticamente:
- Esquerda: 98,8% querem o compromisso político com sustentabilidade e justiça social.
- Direita: O percentual cai para 52,1%.
A diferença de percepção se refletiu nas eleições de 2024. O tema do clima foi um fator decisivo para 55,1% das pessoas que se identificam com a esquerda, contra 40,4% dos participantes classificados como de direita.
A pesquisa sinaliza que 82,1% dos entrevistados estão preocupados com as mudanças climáticas, sendo que 53,4% se dizem “profundamente preocupados”. No entanto, mais da metade (52,4%) sente-se impotente para contribuir individualmente no enfrentamento do problema.
Segundo Mariana Resegue, diretora-executiva da C de Cultura, essa sensação de impotência evidencia que o problema é percebido como maior que a capacidade individual, reforçando a necessidade de uma comunicação mais clara sobre como colaborar.
A pesquisa destaca a cultura como uma poderosa plataforma de informação e engajamento:
- Fonte de Informação: 83,5% acreditam que podem se informar e entender melhor sobre o clima por meio de atividades e bens culturais, como livros, filmes e museus.
- Mudança de Hábito: 62,6% afirmaram que já mudaram hábitos ambientais ou sociais inspirados por alguma obra ou instituição cultural.
- Ferramenta Útil: 73,3% veem a cultura como uma ferramenta útil para ajudar a enfrentar a crise climática.
Resegue avalia que o resultado “evidencia para os tomadores de decisão que a cultura é uma plataforma importante de mobilização e disseminação do conhecimento científico”.
O levantamento também aponta a valorização das populações tradicionais: 77,5% concordam que povos indígenas, quilombolas e outras comunidades podem ajudar o Brasil a enfrentar as mudanças climáticas. Contudo, apenas 34,3% reconhecem que estas comunidades são as mais vulneráveis e afetadas pela crise.

