O mercado financeiro brasileiro viveu uma sexta-feira (5) marcada por forte turbulência. Em um dia de alta sensibilidade interna, a bolsa reverteu completamente o desempenho positivo acumulado no início de dezembro e registrou uma das quedas mais bruscas do ano. O dólar, por sua vez, disparou e alcançou o maior valor em quase dois meses.
O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão aos 157.369 pontos, queda de 4,31%. O movimento contrasta com a trajetória do início do dia, quando o indicador chegou a se aproximar dos 165 mil pontos — uma marca histórica. A virada ocorreu no começo da tarde, desencadeando um recuo que anulou a alta acumulada durante a semana. Com isso, o índice fechou os últimos cinco dias com perda de 1,07%, apesar de ainda somar avanço de 30,83% em 2025.
O câmbio também sentiu o impacto. O dólar comercial terminou o dia vendido a R$ 5,433, alta de 4,31% (R$ 0,123) em apenas 24 horas. Após uma manhã relativamente estável, a cotação disparou por volta das 11h20 e chegou ao pico de R$ 5,48 por volta das 16h. É o maior valor desde 16 de outubro, quando a moeda estava em R$ 5,44. Mesmo com o salto desta sexta, a divisa ainda acumula queda de 12,05% em 2025, mas voltou a subir em dezembro, somando alta de 1,84% no mês.
Mercado reage a cenário político
A volatilidade no Brasil destoou do ambiente internacional, onde o dólar recuou frente às principais moedas e a maioria das bolsas operou em alta. A diferença ocorreu após o anúncio do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) nas redes sociais, informando que o ex-presidente Jair Bolsonaro o teria escolhido como pré-candidato às eleições presidenciais de 2026.
A declaração gerou um movimento abrupto de aversão a risco, alimentando operações especulativas e elevando a pressão sobre os ativos brasileiros. Analistas ouvidos pelo setor financeiro apontam que a reação foi imediata por envolver incertezas políticas capazes de influenciar expectativas fiscais, regulatórias e econômicas.
A combinação de fatores — ambiente político inflamado, fluxo especulativo e maior preferência por proteção cambial — resultou no cenário de forte instabilidade observado ao longo do dia.

