A 18ª edição do Festival Latinidades, considerado o maior evento dedicado às mulheres negras da América Latina e Caribe, começa nesta quarta-feira (23) e segue até 31 de julho. Com o tema “Mulheres Negras Movem o Mundo”, o festival acontece em diversas localidades do Distrito Federal e homenageia a renomada intelectual Lélia Gonzalez (1935-1994).
Jaqueline Fernandes, fundadora do Festival Latinidades e diretora do Instituto Afrolatinas, justificou a escolha de Lélia Gonzalez por sua atuação ativista à frente de seu tempo e pela influência de seus ensinamentos até hoje. “Ela trouxe para o centro do debate questões como racismo, sexismo, classe e cultura, criando conceitos fundamentais como ‘amefricanidade’”, destacou Fernandes.
A diretora ressaltou a atualidade das ideias de Lélia: “Suas ideias seguem atuais e urgentes. Lélia [Gonzalez] nos ensina a pensar a partir do nosso território, da nossa língua, do nosso corpo, das nossas raízes. Ensina que não existe democracia possível sem o protagonismo das mulheres negras”.
Quase duas décadas de impacto e reconhecimento
O Festival Latinidades nasceu em 2008, idealizado pelo Instituto Afrolatinas, como parte das celebrações do Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, em 25 de julho. A cada edição, o evento aborda um tema central que reflete as discussões e desafios da comunidade negra, promovendo a igualdade racial, o combate ao racismo e sexismo, e a valorização da cultura negra.
Ao longo de quase duas décadas, o Latinidades, pioneiro festival de mulheres negras do Brasil, já registrou mais de 400 apresentações artísticas, impactando um público direto de 400 mil pessoas e mais de 2 milhões de pessoas em 70 países.
Em entrevista à Agência Brasil, Jaqueline Fernandes avaliou os impactos do festival, que atinge a maioridade em 2025. “Ao longo desses 18 anos, o festival impulsionou políticas públicas, fortaleceu redes, emplacou espaços nos principais meios de comunicação para falar sobre a produção artística e intelectual de mulheres negras, movimentou a economia criativa e formou uma geração que se reconhece no projeto”.
Além do Distrito Federal, o Latinidades já passou por cidades como Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, e até internacionalmente, em Londres, Cabo Verde e Colômbia. A edição comemorativa de 18 anos retorna a Brasília, cidade onde o festival nasceu. “Escolhemos celebrar aqui como forma de honrar essa história e também de fortalecer o Distrito Federal como um polo cultural relevante, diverso e afrocentrado”, afirmou Jaqueline, acrescentando que o evento continuará “irradiando ideias, práticas e conexões a partir do nosso território”, com ações descentralizadas em outros estados e países ao longo do ano.
Programação diversificada e feira preta
A programação do Latinidades 2025 é vasta e abrange diversas atrações de artistas negros de diferentes regiões do país. O público poderá desfrutar de exposições, peças de teatro, shows de música e batalhas de rimas com MCs convidados. O festival também oferecerá rodas de conversa e conferências, um festival infantil, experiências imersivas e shows com artistas nacionais e internacionais.
Um dos destaques é a Feira Preta de empreendedorismo, que contará com 30 marcas lideradas por mulheres negras, montada na área externa do Museu Nacional da República, no centro de Brasília. Para Jaqueline Fernandes, a economia criativa é uma ferramenta estratégica de impacto, inovação e transformação social. “Quando mulheres negras são impulsionadas, toda a sociedade avança”, frisou.
Para conferir a programação completa, acesse o site oficial do festival.
Serviço:
- 18º Festival Latinidades: Mulheres Negras Movem o Mundo!
- Período: 23 a 31 de julho
- Locais: Museu Nacional, Cine Brasília, Teatro dos Bancários e diversos pontos do Distrito Federal.
- Site: https://www.latinidades.com.br/

