A agência de classificação de risco Moody’s decidiu manter a nota de crédito do Brasil em Ba1, um nível abaixo do grau de investimento, e rebaixou a perspectiva de positiva para estável, indicando que não há expectativa de melhora no curto prazo. O anúncio foi feito na sexta-feira (31).
A decisão reflete a frustração com o ritmo das reformas fiscais. Em outubro de 2024, a agência havia sinalizado otimismo com os avanços na consolidação das contas públicas. Agora, alerta que o andamento das mudanças estruturais está aquém do esperado.
Segundo a Moody’s, a rigidez do orçamento federal segue como um entrave. Para contornar esse cenário, a agência sugere medidas como a desvinculação de receitas, desindexação de benefícios do salário mínimo e reforma da seguridade social — propostas impopulares, mas consideradas cruciais para o ajuste fiscal sustentável.
A agência também alertou que, caso o esforço de equilíbrio fiscal recue ou mostre resultados ineficazes, a perspectiva poderá ser novamente rebaixada, desta vez para negativa.
Governo reage e reafirma compromisso fiscal
Em nota, o Tesouro Nacional garantiu que o governo está comprometido com o equilíbrio das contas públicas, ressaltando esforços para aumentar a arrecadação e conter gastos. O comunicado destacou a importância da parceria com o Congresso Nacional na aprovação de reformas estruturais, como a reforma tributária aprovada recentemente.
“O Ministério da Fazenda reafirma seu compromisso com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento das reformas essenciais ao crescimento econômico de longo prazo”, diz o texto.
Apesar da avaliação da Moody’s, a nota brasileira ainda é superior à atribuída por outras agências no passado recente. A Fitch e a S&P Global classificam o Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento, mas também com perspectiva estável.
A retirada da perspectiva positiva soa como um alerta político e econômico. Embora o país mantenha estabilidade institucional e busque avanços fiscais, o ritmo das reformas estruturais é lento, e há receios quanto à capacidade do governo em conter gastos obrigatórios. A leitura da Moody’s sinaliza que o ajuste fiscal não depende apenas de metas, mas de reformas duras e contínuas — e de capital político para implementá-las.
