A caderneta de poupança no Brasil registrou um novo saldo negativo em outubro, com a retirada de R$ 9,7 bilhões a mais do que os depósitos. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (7) pelo Banco Central (BC). Este é o quarto mês consecutivo em que a aplicação mais tradicional do país fecha no vermelho.
Em outubro, os depósitos somaram R$ 351,9 bilhões, mas foram superados por saques que totalizaram R$ 361,6 bilhões. Mesmo com o crédito de R$ 6,4 bilhões em rendimentos, a fuga de capital se manteve. O saldo total da poupança é de pouco mais de R$ 1 trilhão.
Efeito Selic e acúmulo de resgates
O resultado de outubro agrava o cenário de retiradas líquidas no acumulado do ano, que soma R$ 88,1 bilhões em 2025. Nos últimos anos, a caderneta tem perdido espaço para outros investimentos.
Um dos principais motivos para a saída de recursos é a manutenção da Taxa Selic, os juros básicos da economia, em 15% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) tem mantido a taxa alta (no maior nível desde 2006) para combater a inflação.
- Impacto no Investimento: Quando a Selic está elevada, investimentos atrelados a ela, como Tesouro Direto e Certificados de Depósito Bancário (CDBs), oferecem rendimentos mais vantajosos em comparação com a poupança.
- Controle da Inflação: O Banco Central usa a Selic alta para frear a demanda aquecida, encarecendo o crédito e estimulando a poupança em ativos de maior rentabilidade.
Apesar da política monetária austera, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulou alta de 5,17% em 12 meses até setembro, ainda acima da meta central de 3% para o ano.

