Nove casos de sarampo foram confirmados em Campos Lindos, município de Tocantins com cerca de 8,7 mil habitantes, a 500 km da capital Palmas. Outros dois casos estão sob investigação. Todos os infectados pertencem a uma pequena comunidade de aproximadamente 400 pessoas que, “por questões culturais, não têm o hábito de se vacinarem”, informou o Ministério da Saúde.
A infecção foi atestada por exames laboratoriais, e alguns dos pacientes têm histórico de viagem recente à Bolívia, país que enfrenta um surto da doença.
Ações de bloqueio e varredura intensificadas
Técnicos do Ministério da Saúde estão em Campos Lindos desde a última segunda-feira (21), coordenando ações de bloqueio e varredura para conter o avanço do sarampo. Até o momento, 660 pessoas estão sendo acompanhadas, mais de 280 casas foram visitadas e 644 doses da vacina foram aplicadas.
A pasta declarou que, com os esforços contínuos do Ministério da Saúde e das secretarias estadual e municipal, é possível controlar a disseminação e interromper a circulação do vírus, mesmo com o surgimento de novos casos.
Cenário Nacional e Regional da doença
Com as novas confirmações em Tocantins, o Brasil soma 14 registros de sarampo este ano. Os demais casos ocorreram no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.
Na Região das Américas, o cenário é mais preocupante, com 7.132 casos confirmados este ano, incluindo 2.597 no México e 1.227 nos Estados Unidos. Treze pessoas morreram pela doença na região, sendo nove no México, três nos Estados Unidos e uma no Canadá.
O Brasil recuperou o certificado de país livre do sarampo no ano passado, concedido pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). O Ministério da Saúde esclarece que, apesar do aumento de casos, a certificação não foi comprometida, pois os registros atuais são considerados importados e não indicam transmissão sustentada interna. Para evitar novas situações, as ações de bloqueio vacinal estão sendo intensificadas no Tocantins e em regiões fronteiriças com a Bolívia.
Importância da vacinação e baixa cobertura
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, faz parte do calendário básico infantil, com duas doses aplicadas aos 12 e 15 meses de idade. No entanto, todas as pessoas de até 59 anos que não possuem comprovante de vacinação na infância devem se imunizar: duas doses para quem tem até 29 anos e uma dose para adultos entre 30 e 59 anos.
A cobertura vacinal ideal é de 95%. Este ano, o Brasil alcançou 91,74% de cobertura na primeira dose infantil, mas apenas 72,74% completaram o esquema. Em Tocantins, a situação é ainda mais crítica, com 86% na primeira dose e apenas 55% na segunda dose, abaixo da média nacional.
O sarampo é uma doença extremamente infecciosa: uma pessoa com o vírus pode transmiti-lo para até 90% dos contatos não imunizados. Os principais sintomas incluem febre, mal-estar, tosse, coriza e as tradicionais manchas vermelhas pelo corpo. A doença pode evoluir para formas graves, especialmente em crianças pequenas, e deixar sequelas ou até mesmo levar à morte.