A Unidade Básica de Saúde (UBS) 7 de Taguatinga realizou a inserção de dispositivo intrauterino (DIU) em mais de 50 mulheres durante uma força-tarefa de três dias. O número, sozinho, já supera tudo o que foi feito em 2024 inteiro — quando foram 44 procedimentos. Neste ano, a unidade já passou de 280 atendimentos para colocação do anticoncepcional.
A ação fez parte da programação do Outubro Rosa, campanha que vai além do laço cor-de-rosa e busca conscientizar sobre a saúde feminina, com foco na prevenção e no diagnóstico precoce dos cânceres de mama e do colo do útero. Mas o DIU, nesse contexto, representa algo mais: acesso rápido a um método contraceptivo de longa duração, sem necessidade de lembrar de tomar pílula todos os dias ou trocar adesivo toda semana.
Como funciona o atendimento
Do acolhimento à saída, o processo leva cerca de uma hora. Para os três dias de mutirão, foram agendados 53 atendimentos. A organização permitiu que as mulheres fossem atendidas com agilidade, sem a espera prolongada que costuma afastar as pacientes dos serviços públicos.
O supervisor da UBS 7, Francisco Aelson, explica que o avanço foi possível graças à habilitação dos profissionais da unidade para realizar o procedimento, autorizada em 2023. A maior parte das inserções é feita por enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família (ESF). “Nossa intenção é oferecer medidas que possam contribuir para o cuidado integral das mulheres”, afirma.
DIU vai além da contracepção
A assistente administrativa Ingrid Neves, 24 anos, foi uma das pacientes atendidas na força-tarefa. No caso dela, o DIU não é apenas para evitar gravidez. A recomendação veio como tratamento para enxaqueca, uma indicação médica cada vez mais comum. O hormônio liberado por alguns tipos de DIU pode ajudar a reduzir crises de dor de cabeça intensa.
A indicação foi feita há duas semanas por um profissional da ESF. “Foi bem rápido. Em menos de 15 dias retornei aqui. Hoje saio com minha demanda atendida”, comemora Ingrid. A rapidez do retorno chama atenção: em muitos serviços públicos, a espera por procedimentos eletivos pode levar meses.
Outubro Rosa vai além do mutirão
Na quinta-feira (30), a UBS 7 realizou um evento voltado à saúde da mulher. Usuárias do serviço de Atenção Primária à Saúde (APS) participaram de uma manhã dedicada ao cuidado e à informação.
A programação incluiu palestras sobre prevenção, vacinação contra o papilomavírus humano (HPV), realização de testes de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e distribuição de preservativos. Para encerrar, as participantes ganharam brindes e assistiram a apresentações artísticas de grupos locais.
O impacto da descentralização
O que está acontecendo na UBS 7 de Taguatinga mostra o efeito da descentralização de procedimentos. Quando a atenção primária consegue resolver demandas que antes só eram atendidas em hospitais ou clínicas especializadas, o acesso melhora. E quando o acesso melhora, mais mulheres conseguem planejar a própria vida.
O DIU é um método contraceptivo de longa duração — pode durar de 5 a 10 anos, dependendo do tipo. É uma das opções mais eficazes, com taxa de falha inferior a 1%. E, ao contrário do que muita gente pensa, não é exclusivo para quem já teve filhos. Qualquer mulher em idade reprodutiva pode usar, desde que não haja contraindicações médicas.
A habilitação de enfermeiros para realizar o procedimento amplia ainda mais o alcance. Em vez de depender apenas de médicos ginecologistas, a rede básica de saúde pode oferecer o serviço com mais agilidade. E isso faz diferença na vida real — como a de Ingrid, que não precisou esperar meses para resolver um problema que afetava sua qualidade de vida.

