Uma notícia que celebra o avanço da sustentabilidade e o impacto social no Distrito Federal! A coleta seletiva na capital registrou um crescimento espetacular de 222% nos últimos cinco anos, um marco fundamental para a preservação do meio ambiente. De acordo com o último Relatório Anual de Atividades do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), foram recolhidas impressionantes 58 mil toneladas de lixo reciclável em 2024, um aumento notável em comparação com as 18 mil toneladas de 2020.
Essa alta não se reflete apenas nos números, mas também no aproveitamento dos resíduos, impactando diretamente a geração de renda para os valorosos catadores e a redução da matéria-prima retirada da natureza. O índice de aproveitamento de resíduos atingiu 55% em 2024, um avanço significativo em relação aos 37% registrados há cinco anos. Os materiais são cuidadosamente separados por cooperativas em 15 pontos estratégicos do SLU.
Para manter e, se possível, superar esses números positivos, o SLU implementou importantes remodelações nos contratos de triagem. O número de cooperativas atendidas pelo órgão saltou de 20 para 31 neste ano, engajando mais de 1.300 catadores. Houve, ainda, uma otimização nos pontos atendidos pela coleta seletiva porta a porta, visando abranger localidades que surgiram após a primeira licitação, como condomínios verticais, garantindo que mais pessoas tenham acesso ao serviço.
“Os novos contratos pagam por produção, estimulando a reciclagem de todo e qualquer tipo de material, mesmo que esteja com preço baixo de mercado”, explica Francisco Mendes, chefe da Unidade de Sustentabilidade e Mobilização Social do SLU. Ele reforça que o objetivo é incentivar os catadores a reciclarem o máximo possível, mas destaca a importância crucial da população: “No momento em que os resíduos com potencial de reciclagem estão dentro do lixo convencional, perdem valor, prejudicando os catadores.”
Mendes pontua que, mesmo materiais com baixo valor de mercado para reciclagem, como sacolas de mercado e sacos de lixo, devem ser separados na origem. Ele revela uma inovadora possibilidade no setor: “Tem surgido uma nova possibilidade no setor, de que tudo que é material seco, com exceção do vidro, do PVC e dos metais, pode ser transformado em combustível derivado de resíduos urbanos (CDRU), que tem um valor perene durante todo o ano, independente do mercado, e é usado por cimenteiras na Fercal”.
Essa medida é duplamente benéfica, contribuindo para a longevidade do aterro sanitário, já que menos resíduos não reciclados são enviados para o equipamento. “Conseguimos aumentar a vida útil do aterro e geramos economia para o Estado em termos de operação. Além de que quanto mais a gente conseguir tirar da separação, menos matéria-prima retiramos do meio ambiente, gerando outra cadeia de economia”, explica o especialista.
O trabalho de separação não se restringe à coleta seletiva. Os recicláveis descartados na coleta convencional também passam por um processo de separação nas Usinas de Tratamento Mecânico Biológico. Em 2024, essas usinas separaram 14,6 mil toneladas de materiais, mais que o dobro das 6 mil toneladas registradas em 2020.
Outra atribuição valiosa do SLU é a reciclagem dos resíduos orgânicos. Nas usinas de Tratamento Mecânico Biológico (UTMB) do P Sul e da Asa Sul, os rejeitos são inteligentemente revertidos em compostos orgânicos e doados para pequenos produtores rurais. A produção cresceu significativamente, passando de 62 mil toneladas em 2020 para 85 mil toneladas em 2024.
Uma Tarefa de Todos
Para Mara Maria de Jesus, presidente da cooperativa Plasferro, no P Sul, a separação correta do lixo na origem é uma tarefa simples, mas que beneficia milhares de famílias que dependem da catação para o sustento. “Sem a separação correta na origem, chega muito material orgânico misturado, dificultando a triagem para nós, que estamos na ponta. Não conseguimos um bom valor de mercado por causa da falta de qualidade, os equipamentos ficam sobrecarregados e a renda dos catadores é diretamente impactada”, alerta.
Leiliane Cardoso, tesoureira da cooperativa, endossa o apelo: a população deve separar os resíduos, no mínimo, entre secos e orgânicos, para garantir o bem-estar dos catadores. “Todo dia é um desafio para nós porque nem sempre o material vem limpo e quando não vem separado, tem um valor mais baixo, o que prejudica a renda dos catadores. Papel branco, papelão, tudo isso quando está sujo, perde valor”, comenta. “Se todas as pessoas separassem corretamente os materiais, nos ajudaria muito porque a catação é a única fonte de renda da maioria aqui.”
Ao lidar com resíduos secos (papel, plástico, vidro e metais), a dica de ouro é limpar o excesso de conteúdo dos recipientes antes de descartá-los, evitando a contaminação. Além disso, é crucial estar atento aos dias e horários da coleta seletiva e convencional, que ocorrem em períodos distintos. Para isso, a população conta com um aliado fundamental: o aplicativo SLU Coleta DF, que oferece a localização de equipamentos públicos próximos e permite acompanhar, em tempo real, o caminhão de coleta na sua região.
A trajetória ascendente da coleta seletiva no DF é um testemunho do poder da colaboração entre o poder público, as cooperativas e, principalmente, a conscientização da população. É um trabalho que, além de beneficiar o planeta, promove dignidade e renda para muitas famílias, construindo um futuro mais limpo e justo.