A música tem ganhado espaço e mudado vidas em escolas cívico-militares do Distrito Federal. Em cinco unidades sob gestão do Corpo de Bombeiros (CBMDF), alunos participam de aulas de instrumentos de sopro e percussão no contraturno escolar, como atividade complementar. A iniciativa já revela talentos e contribui para a disciplina, o desempenho escolar e o fortalecimento da autoestima dos jovens.
Aulas e funcionamento
As turmas têm encontros duas vezes por semana, com duração de duas horas. Entre os cursos disponíveis estão flauta transversal, clarineta, saxofone, trompete, trombone, tuba, bombardino, tarol, surdo e pratos, entre outros.
Segundo o coordenador musical das escolas de gestão compartilhada do CBMDF, major Eraldo Azevedo, o aprendizado começa pela musicalização teórica. “É um pouquinho mais chato, mas em um mês e meio eles já conseguem ler o pentagrama e reconhecer as notas. Só depois passam a experimentar os instrumentos”, explica.
A escolha é orientada: os alunos testam diferentes instrumentos até encontrar aquele em que melhor se adaptam. “Eles escolhem, sim, mas nós também orientamos para que encontrem o caminho certo”, reforça o major.
Escolas participantes
Atualmente, cinco unidades integram o projeto:
CEF 1 do Núcleo Bandeirante
CEF 1 do Riacho Fundo II
CEF 19 de Taguatinga
CEF 407 de Samambaia
CEF 4 de Planaltina
Impacto na vida dos estudantes
No CEF 1 do Riacho Fundo II, cerca de 50 alunos participam da formação musical diariamente. O maestro e major Elias Cordeiro lembra que, quando a turma começou em julho de 2023, os jovens não tinham contato com música. “Começamos do zero, com instrumentos doados pela Secretaria de Segurança Pública, e desde então crescemos junto com esses meninos”, conta.
Os resultados já aparecem: alguns estudantes conquistaram vagas na Escola de Música de Brasília, e a expectativa é ampliar as oportunidades com um curso preparatório.
Histórias como a de Emanuelle Vitória de Meira, 12 anos, revelam o poder transformador do projeto. Antes desacreditada por pessoas próximas, ela persistiu no aprendizado do bombardino e hoje sonha em seguir carreira musical no exterior. “Quando vi a banda da escola, decidi entrar. No começo foi difícil, mas não desisti. Hoje estou muito feliz com o meu progresso”, relata.
Outro exemplo é Miguel Galdino, 13 anos, que tinha dificuldades de concentração e notas baixas, mas melhorou o desempenho escolar depois de ingressar na banda. Já Rafael Carvalho, também de 13 anos, encontrou na flauta transversal uma nova paixão e relata que a prática musical trouxe disciplina e foco.
Para o maestro Cordeiro, os avanços são claros: “A música exige organização. Se houver desorganização, não funciona. Percebemos que os alunos acabam se disciplinando a partir da própria prática musical”.

