A vereadora Helen Cabral (PT), de Santa Maria (RS), relatou ter sofrido um ato de violência política de gênero durante a sessão ordinária da Câmara Municipal, na última terça-feira (2). Enquanto tratava da transparência do Executivo e do parcelamento do 13º salário de servidores, ela afirma que foi alvo de agressão verbal e intimidação por parte do colega de bancada, o vereador Tony Oliveira. O episódio ocorreu justamente durante a realização da 5ª Semana Municipal de Não Violência Contra a Mulher — lei de sua autoria — e, segundo Helen, ultrapassa os limites de um debate democrático.
Denúncia formal e apelo por medidas imediatas
Em nota oficial, Helen Cabral afirma que o ataque não decorreu de divergência de ideias, mas do fato de ela ser mulher ocupando um cargo de poder. Após o incidente, ela registrou um boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher e requereu à Mesa Diretora providências para responsabilizar o agressor. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, a vereadora questiona: “Qual a atitude que a presidência vai tomar em relação à violência de gênero que sofri?” e afirma que não aceitará repetição desse tipo de comportamento.
Contexto simbólico fragilizado pela agressão
O caso ganhou repercussão por ter ocorrido durante um evento simbólico — a 5ª Semana Municipal de Não Violência Contra a Mulher — e concomitantemente ao festival Movimento Mulheres em Luta (MEL), cujo tema deste ano é justamente a violência política de gênero contra mulheres parlamentares. Para Helen, o ataque reforça o efeito perverso da misoginia institucional quando legitimada dentro de espaços de poder.
Reações e ausência de resposta oficial
Até o momento, a Câmara Municipal de Santa Maria e o vereador Tony Oliveira não responderam aos pedidos de esclarecimento da imprensa. A omissão institucional, na avaliação da vereadora, representa mais um capítulo da invisibilidade enfrentada por mulheres em espaços políticos.
O que o caso revela sobre o desafio da igualdade na política
O episódio destaca a persistência de barreiras estruturais que dificultam o exercício pleno de mulheres no Legislativo. A violência política de gênero — além de crime — revela como disputas de poder podem disfarçar ataques pessoais, prejudicando o debate público e minando a representatividade feminina. Para organizações de defesa dos direitos das mulheres, casos como esse exigem não apenas punição individual, mas o fortalecimento de mecanismos institucionais que garantam ambiente seguro e igualitário para todas(os).

