A Secretaria de Saúde (SES-DF) colocou em operação a primeira biofábrica de mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia, bactéria capaz de impedir a transmissão de vírus como dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
O funcionamento lembra o de uma fábrica comum: a “matéria-prima” chega, passa por etapas de incubação e desenvolvimento, e o “produto final” é distribuído para diversas regiões. A diferença é que, em vez de mercadorias, os lotes entregam mosquitos aliados no combate a doenças.
Como funciona a tecnologia
Os ovos dos chamados “mosquitos amigos”, vindos de Curitiba (PR), são colocados em potes com água e alimento, em ambiente controlado a 30°C. Em até 14 dias, as larvas evoluem para a fase adulta. Depois, os insetos são transportados em caixas e soltos em diferentes localidades do DF e em cidades do Entorno goiano.
Uma vez no ambiente, os mosquitos infectados com a Wolbachia passam a se reproduzir com a população selvagem, transmitindo a bactéria para as próximas gerações. Além disso, quando machos com Wolbachia cruzam com fêmeas não infectadas, não há descendentes, o que reduz gradualmente o número de vetores capazes de transmitir doenças.
Segurança comprovada
Segundo o coordenador de operações da empresa Wolbito do Brasil, Caio Rabelo, a tecnologia é segura:
“A Wolbachia já está presente naturalmente em diversos insetos, inclusive abelhas, sem causar qualquer dano. Estamos em contato com ela desde sempre, e sabemos que não representa risco algum para a saúde humana.”
O subsecretário de Vigilância à Saúde, Fabiano dos Anjos Martins, reforça que a bactéria apenas impede que os vírus se multipliquem no mosquito:
“Ela não prejudica o inseto, nem animais ou pessoas que entrem em contato. A única função é barrar a reprodução dos vírus dentro do mosquito.”
Áreas contempladas
Os wolbitos serão soltos inicialmente em Planaltina, Brazlândia, Sobradinho II, São Sebastião, Fercal, Estrutural, Varjão, Arapoanga, Paranoá e Itapoã, além de Luziânia e Valparaíso (GO).
De acordo com o gerente de Implementação da Wolbito do Brasil, Gabriel Sylvestre, a estratégia tende a ser autossustentável:
“Com o tempo, a população de mosquitos com Wolbachia cresce e a dos transmissores comuns diminui, reduzindo de forma significativa o risco de novas epidemias.”

