O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força do plenário da Câmara dos Deputados após ocupar a cadeira da Presidência na tarde desta terça-feira (9). A ação foi executada por agentes da Polícia Legislativa e ocorreu durante protesto do parlamentar contra a decisão do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautar sua cassação.
A sessão estava destinada a analisar três processos disciplinares: o de Braga, relacionado à agressão a um militante do MBL no ano passado; e os de Carla Zambelli (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), estes já condenados pelo STF em casos distintos. Além disso, o plenário votaria o projeto que reduz penas de envolvidos na tentativa de golpe de Estado e nos atos de 8 de janeiro.
Braga protestou da própria cadeira da Presidência e provocou a reação da Mesa: “Que me arranquem desta cadeira e me tirem do plenário”. Minutos depois, agentes o retiraram fisicamente. A ação ocorreu em menos de uma hora de ocupação — contraste que o parlamentar destacou ao lembrar a obstrução feita pela oposição em agosto, que durou cerca de 48 horas, sem medidas semelhantes.
Durante a operação, o sinal da TV Câmara foi cortado e a imprensa removida do plenário, sem explicação imediata sobre quem determinou o esvaziamento. Glauber foi levado ao Salão Verde, com a camisa rasgada, onde falou à imprensa ao lado de aliados governistas.
O deputado acusou a Presidência da Câmara de agir com dois pesos e duas medidas. Ele classificou o conjunto de votações — sua cassação, as mudanças no cálculo de penas e o impacto sobre figuras como Jair Bolsonaro — como parte de um “pacote golpista”. Para ele, a ofensiva ameaça liberdades democráticas e busca blindar aliados da extrema direita.
Braga afirmou que seguirá lutando contra o que considera um retrocesso institucional, inclusive caso seu mandato seja cassado. Segundo ele, a mobilização é necessária para impedir que ações semelhantes atinjam outras forças políticas.
Em reação, Hugo Motta divulgou nota em que acusa o deputado de desrespeitar o Parlamento. Ele citou episódios anteriores envolvendo o parlamentar e afirmou que atos que interrompem o funcionamento das instituições têm natureza extremista. Motta também determinou apuração sobre possíveis excessos envolvendo o tratamento dado à imprensa durante o episódio.
A votação sobre a cassação de Glauber Braga está prevista para esta quarta-feira (10), no plenário Ulysses Guimarães.

