Em uma resposta direta à crise de violência no Rio de Janeiro, sete governadores e vice-governadores anunciaram nesta quinta-feira (30) a criação do “Consórcio da Paz”. O projeto busca a integração imediata para o combate ao crime organizado no Brasil através da troca de inteligência, apoio financeiro e compartilhamento de contingente policial.
A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (Progressistas), participou do encontro no Palácio Guanabara, que ocorreu logo após a Operação Contenção, que resultou em 121 mortes nos complexos do Alemão e da Penha.
O Consórcio, que terá o Rio de Janeiro como sede inicial, é composto por governadores majoritariamente alinhados politicamente, mas com a intenção de incluir todas as 27 unidades da Federação.
O governador do Rio, Cláudio Castro, explicou o formato: “Faremos um consórcio entre estados no modelo de outros consórcios que existem para que nós possamos dividir as experiências, soluções e ações do combate ao crime organizado.”
A iniciativa visa equipar os estados e otimizar recursos, conforme destacou o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello: “Para que possamos comprar equipamentos de forma consorciada e enfrentar definitivamente essa onda de violência do Brasil.”
Os líderes estaduais presentes, incluindo o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, elogiaram a Operação Contenção, considerando-a “a mais bem-sucedida”.
No entanto, a operação – que resultou na apreensão de 93 fuzis, mas não na captura do alvo principal (Edgar Alves de Andrade, o Doca) – enfrenta severas críticas. Especialistas apontam a ineficácia de ações isoladas contra a complexidade do crime organizado, enquanto organizações da sociedade civil denunciam a alta letalidade policial, torturas e execuções, classificando a ação como “carnificina”.
Durante o encontro, os governadores defenderam ações práticas, mas criticaram a PEC da Segurança Pública, proposta pelo governo federal em 2025. O texto busca dar status constitucional ao Sistema Único de Segurança Pública (SUSP).
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, afirmou que a PEC é uma tentativa do governo federal de “tirar dos governadores as diretrizes gerais da segurança pública”, interpretando a medida como “intervenção direta nas polícias dos estados”. O governo federal, por sua vez, argumenta que a PEC visa apenas a elaboração de uma política nacional, mantendo a autonomia das forças de segurança estaduais e distrital.
Paralelamente, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e o governador Cláudio Castro anunciaram a criação de um Escritório Emergencial no Rio de Janeiro para melhorar a integração federal-estadual. A União prometeu aumentar o efetivo da Polícia Rodoviária Federal, enviar peritos e agentes de inteligência, além de autorizar a transferência de dez presos para presídios federais.

