Após o ataque fatal a uma égua, a presença de três onças-pardas em uma área rural do Lago Norte acendeu um sinal de alerta entre os moradores e mobilizou a Escola Classe Olhos d’Água a orientar pais e alunos quanto aos cuidados redobrados na região.
O caso ganhou atenção após o produtor rural Ozano da Costa, de 65 anos, relatar o ataque à égua de sua propriedade, entre as noites de segunda (2) e terça-feira (3). O animal não resistiu aos ferimentos, morrendo na manhã da quarta-feira (4). Além da égua, dois bezerros e galinhas também desapareceram da fazenda nos últimos dias, o que reforça a suspeita de que os felinos estejam se alimentando na região.
Três felinos e um rastro de preocupação
A presença dos animais — uma onça-parda adulta e dois filhotes — foi confirmada por moradores do Núcleo Rural Córrego do Urubu e do Núcleo Rural Olhos d’Água, localizados em uma Área de Preservação Ambiental (APA). O jovem Davi Freitas, de 13 anos, afirma ter visto os três animais no dia 29 de maio, nas proximidades do córrego que corta a região.
Para investigar a situação, o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) foi acionado. Técnicos do órgão analisaram os ferimentos na égua e confirmaram que se tratava de um ataque de onças. Desde então, o instituto instalou armadilhas fotográficas nas propriedades de Ozano e de Manuela Freitas Velho — mãe de Davi — na tentativa de capturar imagens dos felinos e acompanhar seus deslocamentos.
Reforço na segurança de alunos e moradores
Com base em recomendação do Batalhão de Polícia Militar Ambiental do DF (BPMA), a direção da Escola Classe Olhos d’Água emitiu um comunicado aos pais e responsáveis solicitando atenção redobrada, especialmente no fim da tarde, para aqueles que buscam os filhos a pé.
“A polícia solicitou que a escola orientasse os pais que buscam seus filhos a pé que redobrem os cuidados, principalmente no final da tarde”, informou a escola em nota.
Onças não buscam humanos como presas
A gerente de fauna do Ibram, Marina Motta, tranquiliza a população ao afirmar que não há motivo para pânico. Segundo ela, onças-pardas não veem humanos como presas, mas a aproximação de áreas urbanas ocorre devido à presença de alimentos — como animais de criação — e à fragmentação de seus habitats naturais.
“Iluminação nas áreas externas e dispositivos sonoros ajudam a afastar os animais”, orienta Marina.
Ainda segundo o Ibram, não há planos para a captura dos felinos, já que a medida é extrema e só adotada em caso de risco concreto à vida humana — o que, até o momento, não foi registrado.
Cuidados recomendados para áreas rurais:
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Evite deixar animais soltos, principalmente à noite;
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Ilumine áreas externas das propriedades;
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Use sinos ou alarmes sonoros que possam assustar animais silvestres;
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Mantenha as crianças sempre supervisionadas, especialmente em áreas próximas a matas ou córregos;
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Acione o Ibram ou o Batalhão Ambiental em caso de novos avistamentos.
A presença das onças-pardas reacende o debate sobre a convivência com a fauna silvestre do Cerrado e a necessidade de manter os corredores ecológicos preservados — caminhos naturais usados pelos animais para circular entre áreas de mata.
Enquanto os moradores do Lago Norte seguem atentos, o caso serve como lembrete de que, mesmo próximo à capital federal, a natureza segue viva e presente — e precisa ser compreendida com respeito e cautela.