Há 35 anos, a bióloga Rose Monnerat dedica sua vida à pesquisa científica, transformando-se em um dos grandes nomes do país na área de bioinsumos – produtos biológicos que trazem soluções sustentáveis para a agricultura e o meio ambiente. Sua trajetória é o reflexo da consolidação do Distrito Federal (DF) como referência nacional em ciência e inovação, um processo que, segundo ela, tem na Fundação de Apoio à Pesquisa (FAPDF) um parceiro essencial.
Bióloga, doutora em Agronomia e pós-doutora em bioquímica, Rose Monnerat representa a geração de cientistas que tira o conhecimento dos laboratórios e o coloca a serviço da transformação social e ambiental.
“A FAPDF tem papel essencial nesse processo. Ela financia pesquisas há muitos anos e, com a estrutura atual, criou mecanismos muito eficientes para aproximar a ciência da sociedade“, ressalta a pesquisadora.
A curiosidade científica de Rose a levou, ainda no início da carreira na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a trabalhar com microrganismos. O destaque de sua pesquisa se tornou uma arma de saúde pública: o desenvolvimento de formulações baseadas no Bacillus thuringiensis var. israelensis (simplesmente Bti).
O Bti é uma bactéria cujas toxinas agem de forma combinada (sinérgica) e altamente específica contra larvas de mosquitos, incluindo as do Aedes aegypti – vetor da dengue, zika e chikungunya.
Essa especificidade é o ponto-chave do controle biológico e a grande vantagem sobre os químicos: ele elimina o alvo sem afetar organismos benéficos, preservando o equilíbrio ecológico. “Quando você usa um produto químico para matar uma praga, muitas vezes elimina também os inimigos naturais. O controle biológico tem como principal vantagem a especificidade“, explica Rose Monnerat.
Ao longo de sua jornada, a cientista participou da curadoria de uma das maiores coleções de microrganismos do país, um verdadeiro patrimônio nacional que precisa ser protegido. O acervo reúne cerca de três mil amostras coletadas em diferentes biomas brasileiros desde o final dos anos 1980.
Esse material genético serviu de base para mais de 30 bioinsumos já disponíveis no mercado, comprovando o potencial econômico e ambiental da biodiversidade brasileira.
A pesquisa coordenada por Rose na Embrapa atingiu o mais alto padrão técnico, sendo o primeiro laboratório da instituição a obter a certificação ISO/IEC 17025, norma internacional que atesta a competência técnica.
Rose Monnerat acompanha o fortalecimento do ecossistema científico do DF e reitera que o fomento da FAPDF foi decisivo para a continuidade de diversas linhas de pesquisa na Embrapa e em universidades como a UnB e a UCB.
Ela acredita que o Distrito Federal reúne condições únicas para se consolidar como um polo de bioinsumos no Brasil, graças à sua agricultura forte, centros de pesquisa e instituições de apoio comprometidas com a sustentabilidade.
O diretor-presidente da FAPDF, Leonardo Reisman, confirma o impacto do investimento público. “O conhecimento científico só cumpre seu papel quando chega à sociedade. Casos como o da professora Rose mostram que o apoio da FAPDF gera resultados concretos, fortalece a inovação e valoriza o talento dos pesquisadores do Distrito Federal”, destacou.
A pesquisadora finaliza com otimismo, citando o avanço do Programa Nacional de Bioinsumos e a liderança mundial do Brasil no uso de produtos biológicos no campo: “O DF tem tudo para ser uma referência, com ciência, produtores e instituições comprometidas com a sustentabilidade”.

