O conceito de mobilidade elétrica, que visa à circulação inclusiva e ecologicamente sustentável de pessoas e cargas por meio de veículos elétricos, foi o tema central de uma audiência pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) nesta quinta-feira (25). Proposta pelo Deputado Delmasso (Republicanos), a discussão reuniu representantes do governo, do setor produtivo e de usuários, que destacaram as vantagens econômicas, ambientais e comportamentais da transição para o uso de energia limpa no transporte.
Delmasso enfatizou que, além de promover o desenvolvimento sustentável, os veículos elétricos oferecem aos consumidores uma alternativa aos combustíveis fósseis, não apenas pelos ganhos ambientais, mas também pelos constantes reajustes nos preços da gasolina. Segundo o distrital, “é necessário que o estado prepare a infraestrutura para que esses veículos possam transitar e serem abastecidos”. Para estimular a produção e a comercialização, “serão necessárias medidas que incluem a desoneração da compra”, exemplificou.
Desafios e soluções para a eletrificação da frota
Henry Joseph Junior, diretor técnico da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), acrescentou a facilidade de manutenção dos carros elétricos como um benefício, mas alertou para a dificuldade de alimentação das baterias, questionando: “como garantir esses pontos?”. ele manifestou apoio ao projeto de lei nº 454/2019, de autoria do deputado Delmasso, que institui diretrizes para a política de mobilidade elétrica do distrito federal e foi um dos pontos centrais da audiência.
Representando o Governo do Distrito Federal (GDF), os secretários de transporte e mobilidade, Valter Casimiro Silveira, e de ciência e tecnologia, Gilvan Maximo, apoiaram a visão de transformar Brasília em uma cidade com Eletro-Mobilidade consolidada. Ambos garantiram a abertura do GDF para a questão e a intenção de suas pastas em avançar na implantação de medidas para o transporte sustentável, mencionando a possibilidade de substituir parte da frota de ônibus coletivos por veículos elétricos.
A Neoenergia, que recentemente adquiriu a Companhia Energética de Brasília (CEB), assegurou estar preparada para absorver a futura demanda de energia para os novos veículos, apresentando projetos de pesquisa e desenvolvimento nessa área. Igor Calvet, presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), classificou o processo como “irreversível, que favorece ao mesmo tempo a adoção de tecnologia de ponta e ajuda o meio ambiente”.
Visão dos usuários e planos para o futuro de Brasília
Integrantes da Associação Brasileira dos Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (ABRAVEI) também participaram do debate. “sonhava com esse momento em que discutiríamos políticas públicas de mobilidade elétrica”, disse o presidente da entidade, Rogério Markiewicz, que acredita que “Brasília tem todas as condições de se tornar protagonista nessa área”. A AVRAVEI também levantou a importante questão do descarte das baterias como um ponto de preocupação.
Diversas sugestões para aprimorar o pl nº 454/2019 foram apresentadas e acatadas pelo Deputado Delmasso, como o acesso público a carregadores e a criação de vagas de estacionamento específicas para carros elétricos. Delmasso também é autor do projeto de lei nº 1.388/2020, que isenta veículos elétricos do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), independentemente do valor. Ao final da audiência, o parlamentar reforçou a urgência de iniciativas para estimular a fabricação e comercialização de veículos elétricos, com o objetivo ambicioso de fazer de Brasília “um modelo de mobilidade elétrica para todo o Brasil”.

