Maior evento de arte contemporânea do Hemisfério Sul reúne 125 artistas e propõe reflexão sobre humanidade, migração e resistência
A 36ª Bienal de São Paulo abre neste sábado (6), no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera, inspirada no poema Da calma e do silêncio, da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo. A mostra reúne 125 artistas e coletivos de diferentes países e fica em cartaz gratuitamente até 11 de janeiro de 2026 — tornando-se a edição mais longa de sua história.
Segundo a presidenta da Fundação Bienal, Andrea Pinheiro, a ampliação para quatro meses busca aproveitar o período de férias escolares e atrair novos públicos. “Na última edição, atendemos quase 70 mil crianças no pavilhão. Agora, a meta é chegar a 100 mil, além de capacitar 25 mil professores da rede pública”, disse.
Humanidade como prática
Sob o título Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática, a curadoria liderada por Bonaventure Soh Bejeng Ndikung propõe refletir sobre os caminhos da humanidade em meio às crises globais.
“A arte nos dá ferramentas para reconsiderarmos o mundo no qual vivemos. Ser humano é uma prática ativa, de empatia, compaixão e resistência”, afirmou Ndikung.
O projeto curatorial está dividido em seis capítulos, que abordam temas como migração, insurgências, colonialidade, cosmologias plurais e beleza como ato de resistência. A metáfora central da mostra é a do estuário — encontro de águas que simboliza fertilidade, abundância e convivência.
Experiências e obras
O percurso começa com um grande jardim vivo criado pela artista Precious Okoyomon, no térreo, onde quedas d’água, plantas medicinais e espécies invasoras convidam o visitante a desacelerar. Já no terceiro capítulo, inspirado no movimento manguebeat de Chico Science, uma arca revestida de resíduos plásticos, concebida por Moffat Takadiwa, questiona capitalismo, racismo e colapso ambiental.
Entre as linguagens presentes estão performances, instalações, vídeos, esculturas e experimentações coletivas. Além do pavilhão, cinco artistas também apresentam trabalhos na Casa do Povo, na região central de São Paulo.
Com público médio superior a 700 mil visitantes nas últimas edições, a Bienal se reafirma como espaço de diversidade, encontro e experimentação artística no Hemisfério Sul.

