Sete em cada dez estudantes brasileiros do ensino médio que usam a internet já utilizam ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa, como o ChatGPT e o Gemini, para fazer pesquisas escolares. Apesar da alta adesão, apenas 32% deles receberam alguma orientação nas escolas sobre como usar a tecnologia de forma segura e responsável. Os dados são da 15ª edição da pesquisa TIC Educação, divulgada hoje (16) pelo Cetic.br.
Segundo a coordenadora do estudo, Daniela Costa, o uso da IA “evidencia novas práticas de aprendizagem” que exigem novas formas de lidar com a linguagem e curadoria de conteúdos. A pesquisa aponta que gestores escolares já estão debatendo o tema com professores e pais. No entanto, o principal desafio, segundo a coordenadora, é garantir que os alunos saibam avaliar a integridade das informações e usar a IA para “construir o próprio conhecimento”, em vez de apenas receber respostas prontas.
Conectividade nas escolas e desigualdades
A pesquisa também revelou que a conectividade à internet se disseminou por quase a totalidade das escolas brasileiras (96%). O acesso cresceu principalmente em instituições municipais e em escolas rurais.
No entanto, as desigualdades persistem. A pesquisa mostra uma grande diferença na utilização da internet para atividades educacionais entre as redes de ensino:
- Escolas estaduais: 67% dos alunos usam a internet para atividades pedagógicas.
- Escolas municipais: Apenas 27% dos alunos fazem o mesmo.
Além disso, a disponibilidade de dispositivos digitais, como computadores, ainda é um grande desafio, especialmente nas escolas rurais e de pequeno porte. A pesquisa registrou uma queda na presença de computadores para uso dos alunos em escolas rurais, de 46% em 2022 para 33% em 2024.
Queda na formação de professores e restrição de celulares
Outro ponto de destaque é a queda na formação continuada de professores sobre o uso de tecnologia digital. A proporção de docentes que participaram de cursos de formação nessa área caiu de 65% em 2021 para 54% em 2024. A coordenadora do estudo, Daniela Costa, defende que essa formação é essencial para que os professores possam orientar os alunos sobre o uso crítico e responsável das novas tecnologias, como a IA.
A pesquisa também confirmou a tendência de restrição do uso de celulares nas escolas, impulsionada pela Lei 15.100 deste ano. A porcentagem de escolas que proíbem o uso de celulares aumentou de 28% em 2023 para 39% em 2024.

