O antigo edifício Docas Dom Pedro II, localizado na região da Pequena África, no centro do Rio de Janeiro, passa a se chamar Armazém Docas André Rebouças. A decisão, anunciada pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), homenageia o engenheiro negro e abolicionista que foi um dos responsáveis pela construção do prédio e por outras obras de engenharia de grande importância no país.
A mudança busca reconhecer a contribuição da população negra na história do Brasil e reforçar o simbolismo do edifício, construído sem o uso de mão de obra escravizada. O prédio, tombado pelo Iphan em 2016, integra um roteiro histórico na região portuária do Rio que celebra a Diáspora Africana.
André Rebouças: engenheiro e abolicionista
Filho de um advogado autodidata e ex-escravizada, André Rebouças (1838-1898) foi um dos primeiros engenheiros negros do Brasil. Formou-se pela Escola Militar em 1860 e projetou grandes obras, como a Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, a reforma dos portos de Santos e do Rio de Janeiro e a construção das Docas D. Pedro II.
Além de sua relevância na engenharia, Rebouças foi um ativo defensor da abolição da escravatura, propondo medidas sociais para a educação de ex-escravos e a participação nos lucros. A renomeação do armazém é um marco que associa o prédio à sua memória e ao seu legado de luta pela equidade de direitos.

