A Petrobras anunciou, na última quinta-feira (2), durante cerimônia na Cinemateca do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro, que vai investir R$ 100 milhões até 2027 no audiovisual brasileiro. O recurso será destinado à produção e distribuição de filmes e séries, manutenção de salas e patrocínio de festivais como Gramado (RS), Tiradentes (MG), Bonito Cine Sur (MS) e Mostra de Gostoso (RN).
O anúncio marcou a celebração dos 30 anos da retomada do cinema nacional, período em que a estatal apoiou mais de 600 produções brasileiras, incluindo clássicos como Cidade de Deus, Carandiru, O Quatrilho, Bacurau e o recente O Agente Secreto, de Kleber Mendonça Filho, premiado em Cannes e selecionado para representar o Brasil no Oscar.
30 anos da retomada do cinema brasileiro
O marco histórico remonta ao lançamento de Carlota Joaquina, Princesa do Brasil (1995), de Carla Camurati, considerado o filme que reaproximou o público das salas de exibição após a crise provocada pela extinção da Embrafilme nos anos 1990.
Na mesa “Petrobras e Cinema Brasileiro: 30 anos de história”, participaram o ator Rodrigo Santoro, o produtor Flávio R. Tambellini, a distribuidora Silvia Cruz e o gerente de patrocínios culturais da Petrobras, Milton Bittencourt, sob mediação da cineasta Marina Person.
“Nosso compromisso é fortalecer o cinema brasileiro, garantindo que ele continue a contar as histórias do país, dialogando com o presente e projetando o futuro”, afirmou Bittencourt.
Cultura e identidade
Os convidados destacaram o impacto do patrocínio cultural da Petrobras. Marina Person lembrou que o aporte garantiu a realização de centenas de obras. “Não haveria 30 anos de história e 600 filmes viabilizados sem esse apoio consistente”, disse.
Rodrigo Santoro, convidado de honra, destacou que a própria história de sua família se entrelaça com a estatal, já que seu pai trabalhou por décadas na companhia. O ator relembrou também o papel que lhe deu projeção nacional, em Bicho de Sete Cabeças (2001), e defendeu os mecanismos de fomento cultural:
“Há muito preconceito em relação à Lei Rouanet e ao patrocínio cultural. Sem esse apoio, muitos dos filmes que hoje celebramos jamais teriam existido.”
A distribuidora Silvia Cruz ressaltou a iniciativa Sessão Vitrine Petrobras, que leva filmes a preços acessíveis a mais de 20 cidades brasileiras. Já o produtor Flávio Tambellini destacou a importância do apoio para a realização de Malês, obra de Antonio Pitanga que resgata a resistência negra no Brasil e levou duas décadas para sair do papel.

