Depois de mais de vinte anos vivendo em um barraco de madeira, a aposentada Helena Leandro, 75 anos, conquistou aquilo que parecia inalcançável: uma casa de alvenaria construída pelo programa Melhorias Habitacionais, da Codhab. Baiana e moradora do Distrito Federal desde 2002, ela dividia o espaço improvisado com o marido, o filho e a nora. Hoje, fala com serenidade sobre o que antes era motivo de apreensão diária. Segundo Helena, a mudança trouxe segurança, tranquilidade e um sentimento de pertencimento que nunca pôde experimentar.
O programa que atendeu Helena é uma das principais frentes do Governo do Distrito Federal (GDF) para reduzir vulnerabilidades e enfrentar o déficit de moradia. De acordo com a direção da Codhab, a determinação do Executivo é avançar sobre a fila da vulnerabilidade, ampliando investimentos e entregando obras com foco em inclusão social. A iniciativa ganhou reforço em 2024, quando os valores das obras foram atualizados: reformas passaram de R$ 35 mil para R$ 50 mil, enquanto reconstruções saltaram de R$ 75 mil para R$ 100 mil, em linha com o Plano Distrital de Habitação de Interesse Social.
Cada caso passa por análise técnica. O arquiteto Leandro Fernandes, da Codhab, explica que o processo envolve avaliação estrutural, segurança, ventilação e salubridade, sempre em diálogo com o morador. No caso de Helena, a casa apresentava riscos e era composta por madeirites, o que justificou a reconstrução completa. A intervenção pode incluir pintura, janelas, piso, hidráulica, elétrica e reforço estrutural, dependendo da necessidade.
A assistente social Marilurde Lago resume o impacto do programa com uma palavra: dignidade. Ela destaca situações críticas encontradas durante as visitas, como famílias sem banheiro, pessoas com deficiência sem acessibilidade e moradores que realizavam necessidades básicas em condições inadequadas. Para Marilurde, transformar essas realidades é uma tarefa essencial e emocionante, pois devolve autonomia a quem vivia em condições extremas.
O GDF também tem atuado em situações emergenciais. Em junho, 198 famílias que perderam suas casas após um incêndio na Ocupação da Quadra 406 do Recanto das Emas — a conhecida Favelinha — e moradores da comunidade do Bananal, na Fercal, foram contemplados com lotes e receberam os primeiros cartões do programa Material de Construção, no valor de R$ 15 mil, criado em maio para auxiliar famílias desabrigadas.
Outra política ampliada é o Cheque Moradia, ajustado para R$ 16.079,27 para acompanhar o Índice Nacional da Construção Civil (INCC). O objetivo é facilitar a entrada em financiamentos e reduzir barreiras de acesso à moradia formal.
No eixo habitacional estruturante, o programa Morar Bem já entregou 11.335 unidades desde 2019, beneficiando mais de 36 mil pessoas. O Itapoã lidera as entregas, com 6.912 unidades, seguido por São Sebastião e Sol Nascente, que receberam 1.962 e 1.008 apartamentos, respectivamente. Também houve entregas no Recanto das Emas, Riacho Fundo II, Samambaia e Sobradinh
Desde 2019, o Melhorias Habitacionais já alcançou mais de 860 pessoas com 216 reformas e reconstruções, totalizando mais de R$ 8 milhões investidos em moradias localizadas em Áreas de Regularização de Interesse Social (Aris). Para o presidente da Codhab, Marcelo Fagundes, o impacto invade a esfera emocional de cada família. Segundo ele, não se trata apenas de construir paredes, mas de reconfigurar destinos e devolver possibilidades a quem antes não tinha nenhuma.

