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política

Símbolo da desconexão entre a classe política e a realidade do cidadão comum

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Foto/Imagem: © Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Reporter: Marta Borges

Em um momento em que milhões de brasileiros enfrentam o aperto de uma profunda recessão econômica, com desemprego em alta e perda de poder de compra, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados protocolou uma proposta que soa como um verdadeiro escárnio para a população: um projeto de lei que extingue a proibição do acúmulo de aposentadoria como parlamentar com o salário de cargo eletivo federal.

A matéria, protocolada na última terça-feira (10), é assinada pelo próprio presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e por representantes de partidos como PL, PP, União Brasil, PT e PSD.

  • Como podem líderes políticos de diversas legendas endossar uma medida como essa em meio a tanta dificuldade para o povo brasileiro?
  • Onde está o compromisso com os mais carentes, com os que lutam diariamente para sobreviver com um salário mínimo?

Atualmente, um deputado federal recebe um salário bruto de R$ 46.366,19.1 Esse valor, por si só, já é exorbitante para a realidade da maioria dos trabalhadores do país. Além disso, os parlamentares usufruem de uma série de “pinduricalhos” – benefícios como auxílio-moradia, cota para o exercício da atividade parlamentar (que cobre passagens aéreas, combustível, divulgação, etc.), plano de saúde e auxílio-alimentação. Esses benefícios elevam ainda mais os valores recebidos mensalmente, chegando a cifras que beiram os R$ 100 mil mensais quando somados.

Para colocar em perspectiva a dimensão desse privilégio: o salário mínimo atual no Brasil é de R$ 1.412. Isso significa que o salário bruto de um deputado é aproximadamente 32 vezes maior que o salário mínimo. Se considerarmos todos os benefícios, essa disparidade é ainda mais gritante. Agora, imaginem permitir que, sobre esse valor já altíssimo, o parlamentar ainda possa acumular uma aposentadoria.

  • Qual é a mensagem que o Congresso Nacional quer passar à sociedade? Que as regras são para o povo, mas não para a elite política?

A Lei 9.506 de 1997, que criou o atual regime de previdência de deputados e senadores, é clara: o parlamentar federal que tiver direito ao benefício da aposentadoria não pode recebê-lo enquanto estiver no mandato ou em outro cargo eletivo. O novo projeto de lei, caso aprovado, permitirá que os políticos – participantes do Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC) – acumulem a aposentadoria (proporcional ao tempo de contribuição) com o salário integral de R$ 46.366,19.

Para coroar a insensibilidade, o projeto ainda cria uma “gratificação natalina” para os integrantes do PSSC, a ser paga com base nos valores recebidos pelos parlamentares em dezembro. Enquanto milhões de brasileiros se preocupam com a cesta de Natal, nossos representantes pensam em gratificações sobre seus já robustos rendimentos.

A justificativa apresentada pela Mesa Diretora para tal iniciativa chega a ser inacreditável: eles alegam que a proibição impõe “restrição incompatível com os princípios constitucionais da isonomia e da legalidade” e que a exceçãoperpetua discriminação indevida. Argumentam ainda que a regra em vigor “desestimula a continuidade da participação política dos cidadãos que já cumpriram integralmente os requisitos legais para a aposentadoria e seguem contribuindo para o regime”.

  • É justo falar em “discriminação” quando o debate é sobre um benefício para uma categoria que já goza de tantos privilégios em um país com tamanha desigualdade social?

Quem é o “cidadão” que se sente “desestimulado” a participar da política por não poder acumular salários e aposentadorias de dezenas de milhares de reais
Este projeto não é apenas uma questão burocrática; é um símbolo da desconexão entre a classe política e a realidade do cidadão comum.

  • Até quando o povo brasileiro aceitará calado que seus representantes votem em causa própria, alheios à dura realidade que afeta a maioria da população?

economia

Rendimento médio atinge recorde no Brasil, mas desigualdade persiste

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BC
Foto/Imagem: © Marcello Casal JrAgência Brasil

Uma análise detalhada do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada nesta sexta-feira (13) no boletim “Emprego em Pauta”, revela um cenário econômico com avanços e desafios. O rendimento médio dos brasileiros alcançou R$ 3.270 no quarto trimestre de 2024, marcando o maior valor já registrado no país.

O levantamento do Dieese mostra que, após um período de relativa estabilidade entre 2014 e 2022 – com as exceções dos anos de 2020 e 2021, fortemente impactados pela crise pandêmica –, houve um crescimento notável. De 2022 a 2024, o rendimento médio das pessoas ocupadas registrou um aumento de 7,5%.

No entanto, o boletim lança um alerta crucial: apesar do crescimento médio, os que ganhavam menos foram os menos beneficiados. Enquanto o aumento geral ficou em 7,5%, para os ocupados com os menores rendimentos, o acréscimo foi de apenas R$ 76 mensais. Em contrapartida, para os 10% com maiores rendimentos, o ganho foi 12 vezes maior, alcançando R$ 901 mensais. Essa disparidade evidencia que, mesmo com o recorde do rendimento médio, a desigualdade de renda persiste e se aprofunda.

A pesquisa revela ainda que, no último trimestre de 2024, quase um terço dos ocupados continuava a receber, no máximo, um salário mínimo. Este dado é especialmente preocupante quando se observa que os preços de itens básicos de consumo cresceram em ritmo mais acelerado do que a média da inflação, afetando diretamente e de forma mais severa a população de menor poder aquisitivo.

Diante desse quadro, o Dieese reforça a necessidade de medidas mais incisivas. “Por isso, políticas que incentivem a criação de empregos formais, a valorização do salário mínimo e o uso de instrumentos de negociação coletiva são fundamentais para a melhoria da vida dos brasileiros”, destaca o texto do boletim.

Os dados do Dieese trazem uma leitura complexa da realidade econômica brasileira: enquanto o país comemora um rendimento médio recorde, o desafio da desigualdade e da baixa valorização dos menores salários permanece urgente e exige atenção prioritária das políticas públicas.

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esporte

Bruninho e Rosângela Santos são os primeiros embaixadores dos Jogos da Juventude 2025 em Brasília

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Foto/Imagem: © Alexandre Loureiro/COB/Direitos Reservados

O futuro do esporte brasileiro ganha um reforço de peso! O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou nesta sexta-feira (13) os primeiros embaixadores da edição 2025 dos Jogos da Juventude: o lendário levantador e três vezes medalhista olímpico com a seleção masculina de vôlei, Bruninho, e a velocista Rosângela Santos, medalhista de bronze no revezamento 4×100 metros nos Jogos de Pequim (2008). Uma escolha que promete inspirar milhares de jovens atletas.

Daniel Santiago, gerente dos Jogos da Juventude, celebrou a escolha dos ídolos: “A presença de ídolos como Bruninho e Rosângela é, sem dúvida, um diferencial enorme. Eles representam não apenas a excelência esportiva, mas também trajetórias de vida inspiradoras, o que é fundamental para motivar os jovens atletas. Ter referências tão positivas demonstra o compromisso do COB em oferecer uma experiência completa e enriquecedora, que vai além das competições”.

Bruninho, um dos maiores nomes do vôlei mundial, expressou sua satisfação com o convite: “Fiquei muito feliz com o convite do Comitê Olímpico e será muito bacana poder estar com essa molecada lá em Brasília [sede da competição]. São mais de 2 milhões de estudantes envolvidos nas prévias e cerca de 5 mil representarão os seus estados. Tenho certeza que vai ser demais”.

A velocista Rosângela Santos, por sua vez, relembrou a importância fundamental dos Jogos da Juventude no início de sua própria trajetória de sucesso. “Às vezes, nós, atletas, não paramos para pensar como começamos e hoje vejo a importância da competição na minha carreira. Minha experiência nos Jogos da Juventude me levou para os Jogos Pan-americanos. E, no ano seguinte, estava nos Jogos Olímpicos Pequim 2008, onde eu viria a me tornar medalhista”, destacou, sublinhando o papel dos Jogos como trampolim para grandes conquistas.

A edição 2025 dos Jogos da Juventude, que promete ser um espetáculo de talentos, reunirá cerca de 4.000 jovens atletas de 15 a 17 anos de todos os cantos do país. O evento será realizado entre os dias 10 e 25 de setembro em Brasília, transformando a capital em um grande palco esportivo. Os jovens competirão em 20 modalidades: águas abertas, atletismo, badminton, basquete, ciclismo, esgrima, futsal, ginástica artística, ginástica rítmica, handebol, judô, natação, remo virtual, taekwondo, tênis de mesa, tiro com arco, triatlo, vôlei de praia, vôlei e wrestling.

A presença de Bruninho e Rosângela Santos não só eleva o prestígio do evento, mas também inspira uma nova geração de atletas a perseguir seus sonhos, mostrando que a dedicação e o talento podem levá-los aos mais altos patamares do esporte.

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