O Distrito Federal está prestes a fechar 2025 com o menor número de roubos de veículos de toda a série histórica monitorada pela Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF). Entre janeiro e novembro, foram 802 ocorrências, contra 939 no mesmo período de 2024, uma queda de 14,6%, segundo dados consolidados da Subsecretaria de Gestão da Informação.
Mantida a média mensal, a projeção indica que o ano deve terminar com menos de 900 registros, superando o próprio recorde positivo de 2024, quando o DF já havia alcançado o menor patamar em 25 anos, com 1.018 casos. Para efeito de comparação, em 2016, auge da crise, o número chegou a 5.663 roubos. Se confirmada a projeção atual, a redução acumulada em relação àquele pico se aproxima de 85%.
Planejamento, dados e inteligência no centro da estratégia
O secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, atribui o resultado à consolidação de uma política baseada em planejamento, integração e uso intensivo de dados. Segundo ele, a SSP-DF trabalha diariamente com análises criminais para orientar o policiamento e as ações de enfrentamento, além de investir em videomonitoramento inteligente, capaz de identificar placas de veículos roubados em tempo real.
Na mesma linha, o subsecretário de Gestão da Informação, George Couto, destaca que o acompanhamento contínuo da série histórica, desde 2016, permite compreender a dinâmica do crime em cada região administrativa. Esse mapeamento, afirma, orienta decisões estratégicas e o direcionamento de políticas públicas mais eficientes.
Policiamento tático e resposta rápida
Para a comandante-geral da Polícia Militar do DF (PMDF), coronel Ana Paula Habcka, a queda dos índices também reflete a intensificação do policiamento ostensivo, aliada ao monitoramento tecnológico. Sistemas de leitura automática de placas geram alertas imediatos às equipes em campo, o que possibilita cercos rápidos e ações precisas de unidades como o Gtop e a Rotam.
O objetivo, segundo a comandante, é duplo: recuperar bens com agilidade e retirar criminosos de circulação, aumentando a sensação de segurança nas vias do DF.
Investigação e desarticulação de quadrilhas
Na frente investigativa, a Polícia Civil do DF (PCDF), por meio das Divisões de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos (DRFV I e II), atua no enfrentamento a organizações criminosas. Vinculadas à Corpatri, as unidades realizam operações de alta complexidade e mantêm articulação interestadual.
De acordo com o delegado Konrad Munis, diretor da DRFV I, operações como Sakichi e Conexão Bahia resultaram na desarticulação de quadrilhas, recuperação de veículos e descapitalização de organizações criminosas, impactando diretamente a redução dos crimes patrimoniais no DF.
Perfil das vítimas e tipos de veículos
Nos 11 primeiros meses de 2025, o perfil das vítimas manteve-se predominantemente masculino: 71% homens, 28% mulheres e 2% pessoas jurídicas. Quanto ao tipo de bem, os automóveis responderam por 85,1% dos roubos, seguidos por motocicletas (11,4%) e outros veículos (3,5%).
Tecnologia como pilar e expansão prevista
O programa de videomonitoramento da SSP-DF já cobre quase todas as regiões administrativas, com câmeras dotadas de tecnologia OCR, capaz de identificar automaticamente placas com restrição. Além disso, está prevista a instalação de mais 300 câmeras inteligentes em 2026, ampliando a capacidade de detecção em pontos estratégicos.
Segundo o subsecretário de Modernização Tecnológica, Gustavo Tarragô, a integração entre tecnologia e análise de dados tem acelerado respostas operacionais e qualificado abordagens, fortalecendo o combate aos roubos de veículos.
Queda em todas as regiões administrativas
A redução dos roubos de veículos ocorre em todo o DF, ainda que com intensidades diferentes. Entre janeiro e novembro de 2025, na comparação com o mesmo período de 2024, destacam-se quedas expressivas em Águas Claras (-68,8%), Lago Norte (-50%), Vicente Pires (-46,2%), Estrutural (-40,9%), Gama (-40%) e Arniqueira (-40%).
Também houve reduções relevantes em Taguatinga (-29,6%), Samambaia (-28,4%), Brasília (-25,8%) e Brazlândia (-12,5%), indicando impacto positivo das estratégias de prevenção e repressão qualificada em diferentes contextos urbanos.
No balanço geral, os números mostram um dado difícil de ignorar: quando dados, tecnologia e integração deixam de ser discurso e viram método, o crime sente — e o cidadão agradece.

