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Política

Lula defende multilateralismo e ataca protecionismo econômico

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu veementemente a diplomacia, a cooperação e o multilateralismo como soluções cruciais para os desafios globais. Em um artigo publicado nesta quinta-feira (10) em veículos de imprensa internacionais, Lula criticou a “lei do mais forte” e suas ameaças ao sistema de comércio global.

Sem citar diretamente as recentes tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump sobre exportações brasileiras, Lula alertou que a imposição de tarifas abrangentes empurra a economia global para uma “espiral de preços altos e estagnação”. Ele também lamentou o esvaziamento da Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Se as organizações internacionais parecem ineficazes, é porque sua estrutura não reflete mais a realidade atual. As ações unilaterais e excludentes são agravadas pela ausência de liderança coletiva. A solução para a crise do multilateralismo não é abandoná-lo, mas reconstruí-lo em bases mais justas e inclusivas”, escreveu o presidente, em um chamado à reorganização dos organismos multilaterais. O artigo foi veiculado em jornais como o britânico The Guardian, o argentino Clarín e o chinês China Daily.

 

ONU e crises atuais

Lula expressou preocupação com o ano de 2025, que deveria celebrar as oito décadas da Organização das Nações Unidas (ONU), mas corre o risco de ser lembrado como o colapso da ordem internacional pós-1945. Ele argumentou que o mundo de hoje é diferente, com novas forças e desafios, e que as “rachaduras” na capacidade da ONU de mediar conflitos já eram visíveis.

“Desde as invasões do Iraque e do Afeganistão, a intervenção na Líbia e a guerra na Ucrânia, alguns membros permanentes do Conselho de Segurança banalizaram o uso ilegal da força. A incapacidade de agir em relação ao genocídio em Gaza representa uma negação dos valores mais básicos da humanidade. A incapacidade de superar as diferenças está alimentando uma nova escalada de violência no Oriente Médio, cujo último capítulo inclui o ataque ao Irã”, destacou.

O presidente também criticou o “fracasso da globalização neoliberal”, evidenciado pela crise financeira de 2008, e a subsequente escolha de “socorrer os ultra-ricos e as grandes corporações às custas dos cidadãos comuns e das pequenas empresas”, o que, segundo ele, aprofundou a desigualdade. Esse descontentamento, para Lula, nutre narrativas “extremistas que ameaçam a democracia e promovem o ódio”.

 

Desigualdade e crise climática

Lula lamentou que, em vez de redobrar esforços para reduzir as desigualdades e implementar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU até 2030, muitos países cortaram programas de cooperação internacional. “Não se trata de caridade, mas de abordar as disparidades enraizadas em séculos de exploração, interferência e violência”, afirmou, ressaltando que, em um mundo com mais de US$ 100 trilhões de PIB, é “inaceitável que mais de 700 milhões de pessoas ainda passem fome”.

Sobre a crise climática, o presidente defendeu maior responsabilidade dos países mais ricos, que são os principais emissores de carbono. Ele citou o ano de 2024 como o mais quente da história e a falta de cumprimento de compromissos de financiamento climático. “O recente aumento nos gastos militares da OTAN [Organização Militar do Atlântico Norte] torna essa possibilidade ainda mais remota”, avaliou.

Lula concluiu destacando que os ataques às instituições internacionais ignoram seus benefícios concretos, como a erradicação de doenças e a proteção dos direitos trabalhistas. “Nenhum muro é alto o suficiente para preservar ilhas de paz e prosperidade cercadas de violência e miséria”, disse, reforçando a vocação do Brasil em “fomentar a colaboração entre as nações”, como demonstrou nas presidências do G20, Brics e COP30.

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