Na mochila de Antônio (nome fictício) havia apenas um par de roupas, alguns trocados e a esperança de recomeçar. Aos serralheiro de profissão e adestrador de cavalos por vocação, ele decidiu deixar para trás o ciclo das drogas e buscar uma nova vida. O primeiro passo foi dado com o apoio do Acolhe DF, programa do Governo do Distrito Federal (GDF) voltado ao tratamento de pessoas em situação de rua com dependência química.
Coordenada pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), a iniciativa oferece até 12 meses de tratamento em comunidades terapêuticas conveniadas. O trabalho é conduzido por equipes multiprofissionais de saúde, assistência social, cidadania e educação, unindo acolhimento e dignidade. Desde a reestruturação do programa, em julho de 2024, mais de 300 pessoas foram abordadas e cerca de 50 aceitaram o encaminhamento para tratamento.
Segundo a secretária Marcela Passamani, o Acolhe DF tornou-se referência nacional:
“É uma chance real de reescrever histórias e salvar vidas. O Estado passa a ser o ponto de apoio que muitas pessoas nunca tiveram”, afirmou.
Um dos avanços que aumentaram a adesão foi a inauguração do Hotel Social, em julho, permitindo o pernoite de pessoas em situação de rua acompanhadas de seus animais de estimação — demanda recorrente dessa população.
Integração de políticas públicas
O secretário-chefe da Casa Civil, Gustavo Rocha, destacou que o Acolhe DF é parte de um conjunto mais amplo de iniciativas do GDF:
“Cada atendimento é uma oportunidade de reintegração social. Esse trabalho integrado mostra que políticas públicas efetivas nascem da articulação entre saúde, assistência e cidadania”, disse.
O programa já tem mudado vidas. Patrick Rodrigues, 31 anos, hoje estudante universitário, relata sua transformação:
“Cheguei destruído, em situação de rua e dependente químico. Hoje estudo, sou voluntário e quero ajudar outras pessoas, assim como fui ajudado”.
Hotel Social e novos serviços
O Hotel Social, primeiro equipamento permanente do DF para pernoite de pessoas em situação de rua, já registrou mais de 3,1 mil atendimentos desde sua inauguração, em julho. O espaço oferece 200 vagas, banho quente, jantar, café da manhã e transporte gratuito a partir do Centro Pop, na Asa Sul.
Outras ações do GDF reforçam a rede de proteção:
Ação Contra o Frio: garante abrigo temporário, cobertores e casacos em períodos de baixas temperaturas;
Restaurantes comunitários: ampliaram de 200 mil refeições servidas em 2021 para 1,2 milhão em 2024 a pessoas em situação de rua;
Plano Distrital para a População em Situação de Rua: oficializado em maio de 2024, coordena semanalmente abordagens sociais em diversas regiões do DF.
Mais que assistência emergencial, o GDF aposta em políticas de longo prazo que unem tratamento, moradia digna, qualificação e emprego, dando condições reais de reintegração.

