Durante o 11º Fórum Parlamentar do BRICS, o presidente da Câmara Hugo Motta, defendeu protagonismo do Sul Global e reforçou o papel dos parlamentos na construção de uma nova ordem internacional.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, defendeu nesta quarta-feira (4) uma reforma abrangente nos organismos multilaterais, destacando a necessidade de adaptar essas instituições à realidade do século XXI. A declaração foi feita durante a abertura do Fórum Parlamentar do BRICS, sediado em Brasília, que reúne representantes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de países parceiros.
Diante de um cenário global marcado por tensões geopolíticas, protecionismo e fragilidade do multilateralismo, Motta defendeu que o fortalecimento da diplomacia parlamentar é essencial para transformar discursos em ações concretas.
“É inaceitável que estruturas decisórias como o Conselho de Segurança da ONU ainda reflitam a lógica do pós-guerra, ignorando a realidade geopolítica atual. Defendemos um sistema mais representativo, com espaço real para os países do Sul Global”, afirmou.
Com o lema “O papel dos parlamentos do BRICS na construção de uma governança mais inclusiva e sustentável”, a presidência brasileira do Fórum propôs seis eixos prioritários para os debates: saúde global, comércio e finanças, mudança climática, governança da inteligência artificial, paz e segurança, e desenvolvimento institucional.
Motta enfatizou que o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do BRICS, pode se tornar um motor estratégico para projetos de infraestrutura, energia limpa e inovação tecnológica.
No campo ambiental, destacou o papel do Brasil na transição para uma economia de baixo carbono e lembrou que o país sediará a COP-30, em Belém (PA), em novembro. Também apontou avanços legislativos nacionais, como a regulamentação do mercado de carbono e o incentivo aos biocombustíveis.
Outro ponto relevante do discurso foi a governança da inteligência artificial. Para Motta, cabe aos parlamentos criar salvaguardas éticas e jurídicas que garantam o uso responsável dessas tecnologias, sempre com respeito aos direitos humanos e à soberania dos países.
O presidente também ressaltou o compromisso com a igualdade de gênero e a promoção de mulheres em espaços de poder, citando a Reunião de Mulheres Parlamentares do BRICS como um passo concreto nessa direção.
“Os parlamentos do BRICS têm força para influenciar os rumos da política global. Unidos, podemos construir uma nova ordem internacional, mais justa, mais solidária e com voz para todos”, concluiu.