A mostra online “Rastros da Experimentação Negra Contemporânea” está exibindo 14 filmes de realizadores negros de forma gratuita em todo o Brasil. Disponível na plataforma de streaming SPcine Play (spcineplay.com.br), a curadoria se dedica a obras de vanguarda que abordam com leveza temas complexos como negritude, gênero e sexualidade. O catálogo inclui cinco produções internacionais de países como Etiópia, Somália, Reino Unido e Estados Unidos.
O projeto, com curadoria do jornalista Heitor Augusto, foi aprovado em um edital da SPcine e tem como objetivo dar visibilidade a produções que validam as questões da população negra e periférica. O curador destaca que os filmes permitem a essas populações “sonhar, imaginar, para além da realidade que está imposta”.
Eixos temáticos e a potência da intersecção
A mostra é dividida em quatro eixos temáticos que exploram diferentes conceitos:
- Movimento: Reflete sobre a liberdade e as limitações impostas pelo racismo e pela LGBTfobia. Destaques incluem Por que não ensinaram as bixas pretas a amar? (Brasil) e Sojourner (EUA).
- Casa: Diálogo com os conceitos de morada e identidade. Filmes como Entenda o processo colonial em 5 minutos e Rito de beleza compõem o eixo.
- Ritmo: Aborda saúde mental e a experiência negra na diáspora. Inclui as obras As vezes que não estou lá e Pontes sobre abismos.
- Nossa Gente: Representado pelo filme Sessão Bruta, que enfoca a vivência em comunidade.
Em entrevista à Agência Brasil, Heitor Augusto ressaltou que a intersecção entre raça, gênero e sexualidade é crucial para a inovação no cinema negro. Ele criticou a “falácia patriarcal” de que outras identidades enfraquecem a luta antirracista e defendeu que a libertação negra só será completa quando incluir todas as suas “matizes”.
Recomendação do curador
Para jovens que estão começando a se aprofundar nas questões raciais e se interessam pela interseção de gênero, Heitor Augusto recomenda o filme “Rito de Beleza”. Ele justifica a escolha por três motivos: o filme aborda traumas intergeracionais, é feito por e para mulheres, e discute a autoaceitação com o cabelo como um elemento central na jornada antirracista.

