O racismo é um fator determinante nas desigualdades do Distrito Federal, segundo a pesquisa “Mapa das Desigualdades”, construída por 30 jovens ativistas de regiões periféricas, sob coordenação do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). O estudo, que será divulgado em 10 de dezembro (Dia dos Direitos Humanos), cruza dados oficiais com expressões artísticas, como o rap, para dar voz aos contrastes da capital federal.
Os versos de jovens como Pajé, Camila MC e Nerd do Gueto, citados no estudo, traduzem a realidade: “Desastre natural, racismo ambiental/ Sem orçamento pra comunidade tradicional/ Emergência climática de um racismo estrutural.”
A pesquisa aponta que a discriminação racial é um marcador de acesso a políticas públicas no DF. A diferença é gritante entre regiões vizinhas, como o Lago Sul (bairro nobre, maioria branca) e o Itapoã (comunidade pobre, maioria negra).
Em regiões predominantemente negras, como o Itapoã, a população carece de serviços básicos como creches, hospitais, saneamento básico e um transporte público eficiente. O educador social Markão Aborígine, do Inesc, destaca que as regiões mais negras do DF são as mais vazias de políticas públicas.
- Contraste de Arborização: Enquanto o Plano Piloto tem 98% de acesso a praças e bosques, o Itapoã registra apenas 34% de proximidade a esses espaços.
O Mapa foi construído majoritariamente pelos jovens ativistas desde fevereiro, que sentem na pele as carências. O designer Victor Queiroz, morador do Paranoá, exemplifica o sofrimento com o transporte público lotado, que exige longas caminhadas e esperas de 40 minutos, o que desestimula e representa uma negação à dignidade.
Consultado sobre o tema, o Governo do Distrito Federal (GDF) reconhece o histórico de desigualdades, mas, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF), afirma ter ampliado os investimentos nas áreas periféricas e na promoção da cidadania.
A Sedes-DF destacou que os recursos destinados à rede de proteção social quase triplicaram de 2020 a 2023, passando de R$ 347 milhões para R$ 935 milhões, e seguem em evolução. O governo assegura que todas as ações são acompanhadas pelo Conselho de Assistência Social do DF.

